Antes de tudo mais, tenho a dizer que discordo profundamente
do adjectivo utilizado por Miguel Sousa Tavares para caracterizar Cavaco Silva.
Palhaço não adjectiva bem o actual Presidente da República. A profissão de
palhaço pressupõe trabalho e muito (sei-o bem, por experiência própria – mesmo
não sendo palhaço profissional) para fazer rir as pessoas. Ora, Cavaco não é
profissional do ramo e faz rir as pessoas sem esforço. Logo, palhaço é um
adjectivo utilizado incorrectamente, a meu ver.
Dito isto, apercebo-me que Cavaco, afinal, não vê as
notícias. De facto, aquilo que dizem dele – de que não está ao corrente do que
se passa no país real – é mesmo verdade. Cavaco “não está nem aí” (para
utilizar uma expressão brasileira – tentando evitar eventuais processos pelo
Ministério Público, obviamente) para o que é dito e mostrado às 13:00 e às
20:00 todos os dias. Já nem digo nos canais de notícias no cabo, porque não
espero que as rendas do Presidente cheguem para esse tipo de luxos.
Visse Cavaco as notícias e saberia que, há muito pouco
tempo, Alzira (por alguns conhecida por Zira; e ainda por outros – ultimamente,
ao que consta – por Zirinha), uma senhora do Norte do país (o tal país de que
Cavaco é o Presidente) perdeu um processo que colocou em tribunal por um cantor
popular ter feito e cantado em público uma canção chamada “O Grilo da Zirinha”,
por considerar-se injuriada. Nesse caso em concreto, o tribunal até acabou por
dar razão ao artista e Alzira teve de pagar as custas judiciais. Mas não
interessava. O povo já tinha tomado juízo igual, dando razão ao cantor popular
e achando que Alzira-Zira-Zirinha tinha cometido uma argolada ao levantar a
questão da injúria.
Se os tribunais irão dar razão a Cavaco e/ou ao Ministério
Público, logo se vê. Mas não interessa. Boa parte do povo já fez o seu juízo. E
ri-se do Presidente. O que ainda assim não significa que estará a fazer figura
de palhaço, uma vez mais o digo, porque não fez esforço algum para isso. E,
claro, não é a sua profissão.
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