sexta-feira, janeiro 24, 2014

Sobre as Praxes...
(já que toda a gente agora fala disso,
por causa do Meco)

Eu fui "Mocho Real" (o chefe da Comissão de Praxe da Esc. Sup. de Educação de Coimbra, onde me formei).

No meu mandato - se assim se pode chamar - a primeira coisa que fiz foi publicar (em livro, que qualquer um podia adquirir - o preço era simbólico) o Código da Praxe da escola (baseado no Código da Praxe da Un. de Coimbra mas devidamente adaptado à realidade da ESEC) para que NINGUÉM fosse ao engano. Participava quem queria. Quem não queria teria - e bem - a sua integração ao seu encargo. Nós promovíamos brincadeiras praxística (umas melhores, outras não tão felizes assim - como em tudo na vida) durante uma semana devidamente planeada, para que os caloiros conhecessem a escola, os alunos mais velhos dos seus cursos e dos outros, os outro caloiros, etc.

Quem exercesse actos de praxe fora dessas actividades programadas estava em violação das regras. E em casos desses aconteceram acidentes, cujas responsabilidades foram imputadas à Comissão de Praxe, mesmo não tendo esta qualquer responsabilidade em coisas que aconteciam fora das actividades programadas e até - imagine-se - em casas particulares (sim, aconteceu sermos responsabilidades por haver "doutores" que obrigavam caloiros a fazer-lhes a limpeza da casa).

Percebo a oposição às praxes. Também me oponho às praxes ofensivas, abusivas, violentas. Não terei feito tudo bem, claro. Terei até passado das marcas/regras em alguns momentos de praxe e não o deveria ter feito. Sei, inclusivamente, que há pessoas que ainda hoje não me gramam por causa das praxes. Mas ninguém ali - enquanto exerci o cargo - foi obrigado ao que quer que fosse.

As generalizações em casos sérios incomodam-me sempre. Faz parecer que o que alguns fazem mal é um todo em que todos fazem mal. E, quando há ferimentos ou mortes à mistura, que todos os envolvidos em situações mais ou menos semelhantes são criminosos. Ora, eu não sou criminoso. E nem sequer estou aqui a fazer uma defesa pessoal. Simplesmente, acho que a ideia - que vejo defendida aqui e noutros lados - de que todos os praxistas deveriam ser corridos a processos ou chamados a responder criminalmente.

Há quem praxe BEM. Há quem goste de ser BEM praxado. Quem o faz MAL deve ser chamado à pedra, sim senhor. E quem MAL aceita tudo o que MAL lhe impõem, tem também parte da responsabilidade, porque é maior de idade, mesmo que por vezes isso não seja suficiente para saber destrinçar o Bem do Mal.


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PS: Após longa procura, encontrei o referido Código de Praxe, que assinei em 30 de Abril de 2000. E publico aqui o prefácio que eu próprio escrevi para essa edição. Assiná-lo-ia hoje (24 de Janeiro de 2014) como nesse dia. Aliás, o texto acima comprova-o.

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