tag:blogger.com,1999:blog-21742345953355117232024-02-07T04:58:41.907+00:00NUNCA HEI DE TER UM BLOGMarco Antóniohttp://www.blogger.com/profile/13103992629118486108noreply@blogger.comBlogger51125tag:blogger.com,1999:blog-2174234595335511723.post-23030352000341410952020-06-05T15:24:00.000+01:002020-06-05T15:43:02.077+01:00WrestleMania & BolaManiaHá já muitos (muitos!) anos que a WWE descobriu que a melhor forma de atrair audiências para os pseudocombates de luta que organizava era criar <i>storylines</i> (narrativas) de pseudorivalidades entre os vários lutadores (muitos deles, maiores rivais no ringue e melhores amigos na vida real). «Eu vou desfazer-te no ringue porque tu andas a dizer isto e aquilo sobre mim!...» é mais ou menos a base das intrigas criadas em torno desse pseudodesporto, fisicamente uma das práticas físicas mais exigentes do mundo, desportivamente uma das menos verdadeiras do planeta. O sucesso dessa estratégia é tal que o ponto mais alto de cada temporada, a "WrestleMania" é um êxito de audiências retumbante, ano após ano.<br />
<br />
Dito isto...<br />
<br />
Quem estiver surpreendido pelo que se passou no regresso do futebol em Portugal que levante o braço!<br />
<br />
Ninguém?!... Sério?...<br />
<br />
<i>[Interlúdio]</i><br />
<i>Por acaso, não acredito - mesmo - que não haja uma alma ingénua algures neste país que neste momento coce a cabeça em estupefação e pense naquela frase muito batida por repórteres que noticiam homicídios de violência ocorridos após vários anos de muito sabidas discussões e agressões entre os elementos da família em causa: «Nada fazia prever que...»; há sempre alguém que é como que apanhado na curva pelo óbvio. A ignorância é porreira enquanto dura, porque dá jeito, que mais não seja, para se ser feliz por mais uns minutinhos antes de a realidade dar conta de si. Por exemplo, eu próprio perco alguma jovialidade sempre que chega uma conta, de que não estava à espera, para pagar.</i><br />
<i>[Fim de interlúdio]</i><br />
<br />
Para mim, era óbvio que o campeonato (com apenas um ponto de diferença entre FC Porto e SL Benfica aquando da paragem forçada) "teria" de regressar, mas também era óbvio que nada de fundamental (tirando a previsível ausência de público nas bancadas) iria mudar.<br />
<br />
Num futebol de consumo interno assente em bases "WrestlingMania'nas", a <i>storyline</i> da intriga e da rivalidade visceral teria de vir à superfície. A verdade é que - como o azeite está para a água - também o "azeite" da bola vem sempre ao de cima. Sempre.<br />
<br />
Ainda antes de tudo voltar à "normalidade", já o normal vinha acontecendo. Aos primeiros laivos (rumores, vá) de desconfinamento, já adeptos rivais andavam em "(re)encontros de convivência"que terminaram em hospitalizações e afins.<br />
<br />
Ainda antes do campeonato regressar, já uma claque anunciava que, não podendo estar nas bancadas do estádio onde a equipa jogaria o primeiro encontro desta fase final da liga, iria para o exterior do complexo desportivo mostrar o apoio. (De pedir conselhos à DGS sobre essa ação até que as coisas corram exatamente "como previsto" com adeptos de futebol - diz a minha experiência de ais de uma década a lidar com o futebol português - vai um universo inteiro de distância.)<br />
<br />
Ainda antes de a bola voltar a rolar, quem falou do regresso do "futebol de 1ª" português foi... (praticamente) toda a gente; menos quem joga futebol. Quando os jornais desportivos conseguiram voltar a dar notícias da liga, os jogadores - confinados pela Covid e amordaçados pelas estruturas diretivas que lhes pagam os salários - praticamente não aparecerem nas 1ªs páginas. E mais se falou de polémicas diretivas do que de expectativas desportivas para a ponta final da época.<br />
<br />
Mal a bola voltou a rolar, voltaram também as críticas à arbitragem, os <i>penáltis-que-deviam-ter-sido-marcados-e-não-foram</i>, o <i>nós(-em-campo)-contra-tudo-e-contra-todos(-fora-de-campo)</i>, as boçalidades que se escrevem nas redes sociais (e as que se dizem na televisão não tardarão a subir de tom) e, claro, as pedradas (que neste caso foram a um autocarro, mas que dantes foram... a outros autocarros; e a viaturas ligeiras; e a casas particulares; e a sedes locais de casas de clubes; e a locais de trabalho de árbitros...) e também as palavras ameaçadoras pintadas em casas, gritadas à beira de estradas, regurgitadas na internet.<br />
<br />
Desde os anos 90 - mais ou menos, a mesma altura em que a WWE tomou a sua decisão de como promover o seu espetáculo/produto - que o futebol português de consumo interno (estou deliberadamente a deixar a Seleção fora disto - ainda que, recentemente, a clubite tenha por ali passado "de raspão" com um alegado apoio à "Equipa das Quinas" prestado por claques de clubes - e isso - surpresa! - não correu exatamente "como previsto") assumiu a postura de que a intriga, a polémica e a rivalidade visceral (e, acrescento, violenta) era o caminho de promover o seu espetáculo/produto.<br />
<br />
OK. Era uma caminho possível.<br />
<br />
A questão é que, sendo a mesma técnica utilizada pelo Wrestling profissional, o universo não é o mesmo, nem a realidade é a mesma. Porque a realidade nem conta no Wrestling. É tudo ficção. Inclusivamente a pancadaria. No futebol português não. Custe ou não a acreditar nisso, o futebol de bola na relva joga-se no mundo real, com causas e efeitos igualmente reais (e a pancadaria também é dura e penosamente real - por vezes, até mortalmente real). A parte do <i>faz-de-conta</i> surge só na cabeça daqueles que fazem de conta que está tudo bem, que tudo isto faz parte da coisa, que o futebol é bom é com este grau de emoção... e que é tão importante na vida das pessoas que a temporada tinha MESMO de ser completada, quando mais nenhum dos outros campeonatos da mesmíssima modalidade - inclusivamente, um outro campeonato profissional - viu a época ir até ao fim.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCr44m3sPj17knib5mKR0L0EucT_cCJCybVXk1xUxoHJF7iFsBxxNto4mKliqLWW8mkqrKGG91FfXIW6K_9W58Mzz5FnZQrB24mW5dVxDovbCwpIs_Ukbe5a25-KT1uYfSPVyd6fN9CaxB/s1600/36522597_10156418607543428_4251255927769923584_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="629" data-original-width="640" height="314" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCr44m3sPj17knib5mKR0L0EucT_cCJCybVXk1xUxoHJF7iFsBxxNto4mKliqLWW8mkqrKGG91FfXIW6K_9W58Mzz5FnZQrB24mW5dVxDovbCwpIs_Ukbe5a25-KT1uYfSPVyd6fN9CaxB/s320/36522597_10156418607543428_4251255927769923584_n.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<br />
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<br />Marco Antóniohttp://www.blogger.com/profile/13103992629118486108noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2174234595335511723.post-33303700207914134262020-03-12T16:40:00.004+00:002020-03-12T16:47:24.474+00:00Covid-19? Bom senso e canja de galinha*<div class="p1" style="font-stretch: normal; line-height: normal; text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">2 x 500g de massa</span></div>
</div>
<div class="p1" style="font-stretch: normal; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">2 latas de ervilhas</span></div>
<div class="p1" style="font-stretch: normal; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">2 latas de feijão</span></div>
<div class="p1" style="font-stretch: normal; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">6 latas de atum</span></div>
<div class="p1" style="font-stretch: normal; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">6 litros de leite</span></div>
<div class="p1" style="font-stretch: normal; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">3 pacotes de polpa de tomate</span></div>
<div class="p1" style="font-stretch: normal; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">1 caixa de almôndegas</span></div>
<div class="p1" style="font-stretch: normal; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">1 queijo</span></div>
<div class="p1" style="font-stretch: normal; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">2 pães de forma</span></div>
<div class="p1" style="font-stretch: normal; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">1 x 4 rolos de papel de cozinha</span></div>
<div class="p1" style="font-stretch: normal; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">1 x 12 rolos de papel higiénico</span></div>
<div class="p2" style="font-stretch: normal; line-height: normal; min-height: 14px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="p1" style="font-stretch: normal; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Foi este o meu avio de supermercado de hoje. Em quase nada diferente do avio de um outro dia qualquer. Com base no que já havia em casa, trouxe o que poderia faltar nos próximos dias; que - espante-se! - é o que fazemos cá em casa em qualquer outra altura.</span></div>
<div class="p2" style="font-stretch: normal; line-height: normal; min-height: 14px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="p1" style="font-stretch: normal; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Há dias (nos finais de fevereiro), numa consulta de rotina com a pneumologista para avaliar a evolução da minha recém-contraída asma, deixei para o fim uma pergunta sobre o que já se vinha falando desde o início de janeiro: quais as precauções (se algumas) deveria ter - sendo asmático (e, por isso, entrando nos grupos de risco) - em relação ao Covid-19, para proteger-me e proteger quem contacta comigo? A médica, com base no meu tipo de asma (crónica, mas não grave) e sendo eu um indivíduo saudável de uma forma geral, disse-me que só teria de ter as precauções básicas, como grande parte da população.</span></div>
<div class="p2" style="font-stretch: normal; line-height: normal; min-height: 14px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="p1" style="font-stretch: normal; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Isso bastou-me para colocar como “fasquia” para mim mesmo as indicações dadas por que quem sabe do assunto. A mim e ao resto da população. Segui a minha vida e ainda hoje sigo a minha vida, tão normalmente quanto me seja possível, dadas as indicações se quem sabe do assunto para que nos mantenhamos cautelosos e menos socialmente ativos de momento. Vou onde tenho de ir, faço em casa todo o trabalho que seja possível fazer em casa, compro apenas aquilo que preciso de comprar.</span></div>
<div class="p2" style="font-stretch: normal; line-height: normal; min-height: 14px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="p1" style="font-stretch: normal; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Não me parece um plano complicado de cumprir.</span></div>
<div class="p1" style="font-stretch: normal; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">E não acho que sou um exemplo para ninguém.</span></div>
<div class="p1" style="font-stretch: normal; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Simplesmente, estou a fazer aquilo que o (meu) bom senso manda.</span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<span style="font-family: inherit;">Caso tenha sintomas que me levem a crer que possa ter de ser avaliado, pois que farei o que as autoridades me indicarem. O bom sendo - o meu, volto a sublinhar - também já me disse para proceder assim, adaptando o meu comportamento a uma nova circunstância, se algo do género acontecer.</span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<span style="font-family: inherit;">E se as escolas fecharem e a minha filha tiver de ficar em casa, pois que a vida se adaptará também a esse detalhe. Estarmos prontos para adotar medidas excecionais em tempos excecionais faz parte. Ou, no mínimo, devia fazer. </span></div>
<div class="p2" style="font-stretch: normal; line-height: normal; min-height: 14px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="p1" style="font-stretch: normal; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Percebo que os cenários apocalípticos que as histórias dos livros e dos filmes acerca de vírus nos fazem temer mexam connosco. Confesso que ontem até mexeram comigo. Fui à Staples comprar material para o escritório e dei comigo a olhar para os outros clientes da loja (que até estava pouco frequentada), a tentar ver se percebia neles alguns sinais de “doença”. Ao regressar ao carro apercebi-me de que o receio também é de certa forma uma maleita e decidi combatê-lo com os melhores remédios que me ocorreram naquele momento: auto-rádio e bom senso.</span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<div style="text-align: center;">
<img alt="Virus that causes COVID-19" height="266" src="https://news.usc.edu/files/2020/03/virus-1800b-824x549.jpg" width="400" /></div>
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="p2" style="font-stretch: normal; line-height: normal; min-height: 14px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="p1" style="font-stretch: normal; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Estarmos bem informados é essencial, sermos cautelosos também, tal como é essencial - parece-me - pensarmos nisto como um possível tsunami que sabemos que pode vir e bater forte, mas que temos tempo de evitar, colocando-nos a todos em local seguro, ajudando quem precisa a chegar a esse lugar seguro.</span></div>
<div class="p2" style="font-stretch: normal; line-height: normal; min-height: 14px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="p1" style="font-stretch: normal; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Seria bom não sermos como aquelas pessoas que em dias de grandes incêndios vão “ver o fogo” e atrapalham quem luta para os apagar, ou quem sabe que é perigoso ir para junto da costa em dias de grande temporal e sai de casa precisamente para ir tirar fotos nos paredões e nos molhes, “abraçados” pelos enormes salpicos ondulação que bate nas rochas ali a meia dúzia de metros (se tanto). Tem-se visto muito desse tipo de comportamento por estes dias em que nos foi dito que o melhor é ter cuidado e evitar correr para o problema.</span></div>
<div class="p2" style="font-stretch: normal; line-height: normal; min-height: 14px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="p1" style="font-stretch: normal; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Mais uma vez, não acho que eu seja um exemplo para ninguém.</span></div>
<div class="p1" style="font-stretch: normal; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Mas o meu bom senso diz-me que estamos longe daquela cena estranha que se vê no filme “Twelve Monkeys” - precisamente sobre um vírus que mas boa parte da população mundial - em que os animais do zoo correm livremente pelas ruas da cidade. </span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="p1" style="font-stretch: normal; line-height: normal; text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
<iframe allow="accelerometer; autoplay; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture" allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/HigxGvmHEdQ" width="560"></iframe>
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
</div>
<div class="p1" style="font-stretch: normal; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="p1" style="font-stretch: normal; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="p1" style="font-stretch: normal; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Decidi, portanto, adotar os procedimentos que as autoridades recomendam (e vierem a recomendar) e ainda outros mais que o bom senso me diga para juntar aos primeiros.</span></div>
<div class="p2" style="font-stretch: normal; line-height: normal; min-height: 14px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="p1" style="font-stretch: normal; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Mas… vá. Também não sou fundamentalista neste aspeto. Se, por mero acaso, me aperceber que andam girafas, cangurus ou um par de rinocerontes a passear por aí… poderei, eventualmente, rever a letra miudinha dos “termos e condições” do meu bom senso e chegar à conclusão de que não é lá grande coisa.</span><br />
<div style="text-align: center;">
<br />
= = =</div>
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<span style="font-size: x-small;"><span style="font-family: inherit;">* Sim, eu sei que não mencionei a canja de galinha. Entenda, a canja ajudava a criar um título minimamente decente. E, de facto, até é um prato fácil de fazer e </span>que se faz com pouca coisa, em caso de escassez de produtos no supermercado. Ah... e, como diz a expressão, não faz mal a ninguém. Embora - e bem - os médicos nos lembrem frequentemente que "canja não é sopa!" ("Sopa é com legumes. Ponto.")</span></div>
Marco Antóniohttp://www.blogger.com/profile/13103992629118486108noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2174234595335511723.post-84427483587226714232020-02-17T12:17:00.002+00:002020-02-17T15:29:20.972+00:00Marega, Dinis, Fábio, Sérgio…<div class="p1" style="font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span></div>
<div class="p2" style="font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; min-height: 14px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span></div>
<div class="p1" style="font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">A saída de campo de Moussa Marega, jogador do FC Porto, este domingo (16/02/2020) no Vitória de Guimarães-FC Porto causou um tremor de terra no futebol português. Parece-me inteiramente justo que cause. O racismo no futebol é tão grave quanto o racismo no resto da vida e merece ser enfrentado de caras, discutido seriamente, evitado a todo o custo.</span></div>
<div class="p1" style="font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span></div>
<div class="p1" style="font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">No entanto, nunca nada é tão simples quanto isto de se ver as coisas tal como elas são, ou como devem ser. Há sempre o outro lado da moeda. Logo nos momentos após a saída intempestiva de Marega do relvado no Estádio D. Afonso Henriques, vieram coisas diferentes daquelas que terão vindo das bancadas, mas tão perigosas quanto essas. Assim, de repente, li de imediato que o jogador tinha sido «fraco por não aguentar a pressão», por exemplo. Ou seja, <i>insultos (racistas) = pressão</i>? Essa equação parece-me problemática. Desde quando é que um adepto de futebol vai para um estádio mais para pressionar os jogadores adversários que para apoiar a sua equipa? Em Portugal, há já umas quantas décadas. Direi que ali nos anos 90 a coisa descambou. Mas já lá vamos.</span></div>
<div class="p2" style="font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; min-height: 14px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span></div>
<div class="p1" style="font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">No dia anterior ao grito de revolta de Marega, Dinis, um miúdo dos benjamins de futsal do Sporting viu um cartão branco (símbolo de 'fair play') por ter chamado a atenção do árbitro de que o adversário, no 'derby' com o Benfica, não tinha jogado a bola com a mão mas sim com a cara, o que significava que o Sporting não beneficiaria de uma grande penalidade. O vídeo retirado da emissão da Sporting TV foi partilhado de forma viral nas redes sociais e parece-me inteiramente justo que fosse. No entanto, lá pelo meio dos comentários positivos acerca da atitude do pequeno Dinis, li logo um outro que chamava de faccioso o narrador do jogo do canal que transmitia, porque em direto e no momento do lance disse que era lance para penalidade a favor do clube que dá nome ao canal. O lance foi tão rápido e tão imperceptível que o próprio árbitro, ali a poucos metros, também assinalou a penalidade, mas o narrador do jogo (que ou está num topo da bancada, ou a ver por um pequeno monitor) é faccioso por ter visto o que toda a gente pensou ver e que só o Dinis (e o adversário em lágrimas pela bolada na cara e pela injustiça da primeira decisão do árbitro) viram. A ação de Dinis só tem valor porque aconteceu e porque colocou justiça naquele momento. Mas só foi vista porque um canal de televisão (que acontece ser do clube do jogador Dinis) o transmitiu. E teve relevância porque o miúdo do Sporting clarificou o que nem o árbitro viu de imediato (tal como o narrador do jogo), ainda para mais num jogo contra o rival Benfica. Quantos o fariam e como seria a reação geral dos adeptos se um jogador da equipa sénior de futsal ou futebol de 11 fizesse isto num 'derby'? Não vale a pena responder. Você sabe a resposta. Eu também.</span></div>
<div class="p2" style="font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; min-height: 14px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span></div>
<div class="p3" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(21, 23, 25); font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span class="s1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0);">Uns dias antes do gesto de 'fair play' de Dinis, Fábio Martins, jogador do Famalicão, disse ter considerado que a sua equipa tinha sido superior ao Benfica na meia-final da Taça de Portugal. O Benfica apurou-se para a final, o Famalicão ficou pelo caminho, Fábio Martins deu a sua opinião (supostamente livre e a que tem direito) e foi vilipendiado por adeptos adversários nas redes sociais. E foi nas redes sociais que o jogador desabafou logo de seguida: <i>«</i></span><span class="s2" style="background-color: white; color: #151719; font-stretch: normal; line-height: normal;"><i>Somos homens que, depois de dar o litro no relvado, vamos para casa e não podemos ligar uma televisão, temos de afastar os computadores dos nossos filhos, para que eles não fiquem a pensar que o Pai matou alguém. Porque é isso que parece que transmitem, com as mensagens que escrevem.»</i></span><span class="s2" style="background-color: white; color: #151719; font-stretch: normal; line-height: normal;"> Presumo que os adeptos contrários tenham pensado que Fábio também foi fraco e “não aguentou a pressão”, ao escrever um texto ponderado, com uma reflexão séria sobre o </span>futebol português, do ponto de vista do atleta. Já agora, até nesse post, foi lembrada por adeptos do Benfica uma declaração (uma piadola que podia não ser excelente, mas não era insultuosa - a não ser aos olhos de adeptos como os que referi no final do parágrafo sobre Marega) de há dois anos, quando Fábio Martins jogava no SC Braga.<span class="Apple-converted-space"> </span></span></div>
<div class="p4" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(21, 23, 25); font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; min-height: 14px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span></div>
<div class="p3" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(21, 23, 25); font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">No mesmo jogo, curiosamente, o árbitro assistente Sérgio Jesus cerrou o punho de felicidade por o VAR ter dado como boa a decisão que ele próprio tinha tido em campo, no lance que acabou por validar um golo ao Famalicão. Acontece que a câmara da transmissão (RTP) estava a filmar o árbitro assistente no momento em que a decisão do VAR é conhecida. O gesto de festejo foi, obviamente, partilhado de forma viral com a narrativa de que Sérgio estaria a festejar o golo do Famalicão contra o Benfica (o subsequente chorrilho de insultos - e não só - é fácil de adivinhar). A vida de um árbitro - principal, assistente ou mesmo no VAR - é de tal forma complicada que qualquer pequena vitória (leia-se decisão que não dê aso a horas, dias, semanas, meses e por vezes até anos de discussão) é merecedora de um festejo de alívio. E esse, no ponto de vista dos adeptos, é merecedor de escárnio e insultos.</span></div>
<div class="p4" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(21, 23, 25); font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; min-height: 14px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span></div>
<div class="p3" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(21, 23, 25); font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">E isto... foi só em <b><u>uma semana</u></b>.</span></div>
<div class="p4" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(21, 23, 25); font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; min-height: 14px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span></div>
<div class="p3" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(21, 23, 25); font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">O futebol português é isto. Há muitos anos. Falo do que sei; fui jornalista de desporto dez anos consecutivos (99% do que se faz no jornalismo desportivo em Portugal é futebol) - tempo suficiente para ver de tudo: o bom ocasionalmente, o mediano semanalmente, o mau vezes sem conta e o péssimo em barda. Acho particularmente curiosa a hipocrisia vigente há décadas em torno do futebol português, que até forma grandes jogadores, mas tem um campeonato mediano e é promovido com uma narrativa que vive de quase tudo o que lhe é lateral e quase nada do que é um jogo bem jogado ou um golo tão bem marcado que poderia ser aplaudido pelos adeptos das duas equipas no estádio. (Ainda trabalho ocasionalmente com futebol, mas foi por opção que deixei a lide diária; não havia nada que me motivasse a continuar.)</span></div>
<div class="p4" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(21, 23, 25); font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; min-height: 14px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span></div>
<div class="p3" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(21, 23, 25); font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Nas televisões onde este domingo se condenaram os insultos a Marega promovem-se os insultos em programas “da especialidade” todas as semanas (os momentos “quentes” são até os mais promovidos durante o resto da semana). Nos jornais em que se elogiou o gesto do pequeno Dinis no 'derby' de benjamins em futsal utilizam-se (sempre) expressões como duelo, batalha, luta, guerra, confronto (a mesma palavra que se usa para debates, mas também para atos de violência) para dizer simplesmente jogo, escreve-se conquista para vitória, descreve-se como quente, escaldante, tórrido o ambiente de um estádio (ou só a permanente troca de “galhardetes” verbais entre dirigentes e treinadores adversários). A rádio, de uma forma geral, vai sendo o mais imune dos meios de comunicação a estes fenómenos; não totalmente, mas bastante menos divisiva.</span></div>
<div class="p4" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(21, 23, 25); font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; min-height: 14px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span></div>
<div class="p3" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(21, 23, 25); font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">No “mundo real” do futebol português - onde ele acontece - há agressões costumeiras entre adeptos de claques, mas também a árbitros, a dirigentes, a jornalistas, a adeptos “anónimos” apanhados em confusões alheias junto a estádios e até dentro deles. Uma academia foi invadida por adeptos. Casos de polícia e tribunal com dirigentes e outros entes relacionados com futebol grassam por aí. Tudo gente de bem, que tem a seu cargo não só as equipas profissionais de futebol (atempada e comodamente colocadas em SAD’s com os menos nomes dos clubes, mas na prática independentes deles - para que o negócio pudesse ser maior… perdão… mais transparente), como centenas de atletas amadores, em várias modalidades (sempre atiradas para o “cesto” das “Modalidades” - como se não tivessem identidade própria, nem grande valor só por si), e acima de tudo em escalões de formação. Jovens e crianças para quem a “formação” passa por ter os exemplos dos mais velhos. E o que, logo de pequenino, se aprende dos mais velhos (até dos pais que vão ver os treinos e jogos, quanto mais dos representantes adultos das equipas seniores) é que o jogo tem de ser para ganhar e que a melhor maneira de ganhar uma bola (ou um lugar no 11 inicial) pode não ser jogando melhor, mas sim ceifando um jogador de forma mais eficaz. Do que se diz/escreve nas fossas sépticas online nem falo - até porque, obviamente, ao escrever este texto posso ser acusado de contribuir com um pouco mais de matéria para o esgoto, mesmo que a intenção seja exatamente a contrária.</span></div>
<div class="p4" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(21, 23, 25); font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; min-height: 14px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span></div>
<div class="p3" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(21, 23, 25); font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Ali mais acima escrevi que tenho ideia de que tudo descambou nos anos 90. Não tenho a certeza se foi aí, mas é aí que eu me lembro de ter percebido a mudança de comportamentos. As claques começaram a ser mais visíveis ao mesmo tempo que foram diminuindo os cachecóis presos nas janelas dos carros que eu ia ver passar no cruzamento de entrada na Estrada Nacional 1 em Condeixa. Carros que iam a caminho de Lisboa ou do Porto em dias de clássicos envolvendo Benfica, Porto ou Sporting, quando a A1 ainda não estava terminada - daí a necessidade de tantos carros com adeptos passarem por ali. As pessoas viajavam pelo país, orgulhosamente com o cachecol preso pelo vidro a adejar ao vento do lado de fora do carro; seguiam felizes, via-se, e os adeptos com cachecóis semelhantes apitavam em festa, até adeptos rivais apitavam de forma festiva. Nos anos 90 comecei a saber de carros apedrejados no caminho, consoante o cachecol que ostentavam. Nos anos 90 soube da morte de um adepto nas bancadas do Estádio Nacional num “derby” na Final da Taça de Portugal. Nos anos 90 soube de outros dois adeptos que morreram com a queda de um varandim quando uma claque quis insultar a equipa adversária à chegada de um clássico. As coisas terão começado antes, claro, mas foi aqui que para mim o futebol começou a tornar-se nisto que é hoje. (E, não. Não me esqueço que ao início dos anos 90 Portugal já era visto como um expoente máximo do futebol do futuro (com os dois títulos mundiais de sub-20. Como hoje é Campeão da Europa e não há muitos anos foi semi-finalista num mundial.)<span class="Apple-converted-space"> </span></span></div>
<div class="p4" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(21, 23, 25); font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; min-height: 14px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span></div>
<div class="p3" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(21, 23, 25); font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Espero (muito) estar errado, mas sinceramente não vejo este episódio com Marega fazer grande mossa no status quo do futebol português. Digo isto porque aqui e ali episódios traumáticos vaticinaram um toque a reunir, uma reflexão profunda e melhorias no ar que se respira dentro e fora dos estádios. A morte de Fehér, por exemplo. Pouco tempo depois do simbolismo de um velório em que todos se uniram por igual na dor, voltou tudo ao normal. E este é só um exemplo.</span></div>
<div class="p3" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(21, 23, 25); font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><u><br /></u></span></div>
<div class="p3" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(21, 23, 25); font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><u>Repito</u>, espero estar errado, porque há mais do que isto no futebol (e no desporto) português - com tanta alegria ainda para dar a tanta gente. Mas, tendo (semanalmente e todos os anos) semanas tão cheias de “nada de bom” como a semana que passou, nem o futebol português parece querer ser melhor, nem os consumidores do futebol português (que sistematicamente pactuam com o que veem e ouvem, opinando em conformidade) parecem querer ter algo melhor.</span></div>
<div class="p4" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(21, 23, 25); font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; min-height: 14px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span></div>
<div class="p3" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(21, 23, 25); font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Antes que me seja apontada aquela velha questão de “criticas muito e não dás soluções”, digo que - caso isso tenha passado despercebido - já apontei para a solução que proponho.</span></div>
<div class="p3" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(21, 23, 25); font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span></div>
<div class="p3" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(21, 23, 25); font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">É preciso que tanto o futebol português queira ser melhor (e não me cabe a mim dizer a quem faz o futebol aquilo que sabe exatamente que tem de fazer), como é preciso que o consumidor do futebol português queira ter algo melhor, mesmo que algo melhor seja outra coisa qualquer que não o futebol (tal como está).</span></div>
<div style="height: 0px; text-align: justify;">
<br /></div>
Marco Antóniohttp://www.blogger.com/profile/13103992629118486108noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2174234595335511723.post-84160535425799479152016-09-15T00:47:00.001+01:002016-09-15T00:54:05.583+01:00Eu, blogger.<div style="text-align: right;">
<div style="text-align: left;">
<div style="text-align: justify;">
Por vezes, uma chamada de atenção é só mesmo isso, uma chamada de atenção. Outras vezes, algo que não é uma chamada de atenção torna-se nisso mesmo, numa chamada de atenção.</div>
</div>
</div>
<div style="text-align: right;">
<div style="text-align: left;">
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
</div>
<div style="text-align: right;">
<div style="text-align: left;">
<div style="text-align: justify;">
Podia ter colocado esta questão de forma mais eloquente, acredito, mas a verdade é que - talvez por estar "perro" e destreinado - a escrita hoje não flui como noutros dias, tal como não flui agora como noutras alturas. Acontece, acho. Um dia destes melhora, creio.</div>
</div>
</div>
<div style="text-align: right;">
<div style="text-align: left;">
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
</div>
<div style="text-align: right;">
<div style="text-align: left;">
<div style="text-align: justify;">
Na verdade, o que queria dizer ali em cima era que hoje fui fazer reportagem acerca do concurso Blogs do Ano, da Media Capital, e que esse trabalho - que era só um trabalho e não uma chamada de atenção - me alertou para o facto de que <i>me tenho esquecido de lembrar de ser o que sou*</i> há muitos anos (desde 2004 - 15/11/2004): um blogger. E que gosto de o ser.</div>
</div>
</div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhj3SbvLXtpyCn3Zw8EUJYmGScm0500kMBxRgjs-k3aYU0EHMLR06UaJFBRry14JhbR_PJ0liNLa1ZcbGJYHUkpn2g9-fBhfxXWMcpuuuH8PsbkKhzfI7ymwJH4q0W56tYOhYMW7C52krie/s1600/unnamed-2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="259" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhj3SbvLXtpyCn3Zw8EUJYmGScm0500kMBxRgjs-k3aYU0EHMLR06UaJFBRry14JhbR_PJ0liNLa1ZcbGJYHUkpn2g9-fBhfxXWMcpuuuH8PsbkKhzfI7ymwJH4q0W56tYOhYMW7C52krie/s320/unnamed-2.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
Na verdade, os bloggers que entrevistei para a <a href="http://www.tvi24.iol.pt/videos/tecnologia/personalidades-decidem-quais-os-blogs-que-o-publico-vai-votar/57d9afcc0cf2d382b7e992e7" style="background-color: #cccccc;" target="_blank">reportagem da TVI</a> - leia-se, personalidades dos media, da publicidade, do espetáculo e várias outras áreas, convidados a escolher os blogs finalistas do concurso -, tal como eu, já não dedilham nos seus blogs há uns tempos. Digamos, ... anos. E isso - de forma puramente egoísta - faz-me sentir um pouco menos mal com o facto de não andar por "cá" desde março passado. <i>SÓ</i> desde março passado.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas o facto é que já não "blogo" desde março e não gosto de não "blogar".</div>
<div style="text-align: justify;">
Mesmo que seja <i>só</i> desde março.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Já experimentei uma data de coisas numa data de blogs. Gostei de uma data delas e detestei uma data deles. Mas adorei experimentar tudo, com data no topo dos posts, com data no fundo dos posts e mesmo em posts sem data sequer.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Hoje, então, dei comigo a recordar-me, acima de tudo, do <a href="http://insensocomum.blogspot.pt/" style="background-color: #cccccc;" target="_blank">inSenso Comum</a> e do <a href="http://petitriens.blogspot.pt/" style="background-color: #cccccc;" target="_blank">Petit Riens</a>, por onde comecei. E acabei a lembrar-me do <a href="http://paidanoticias.blogspot.pt/" style="background-color: #cccccc;" target="_blank">Pai, dá notícias!... </a> e, claro, deste <a href="https://nuncaheideter.blogspot.pt/" style="background-color: #cccccc;" target="_blank">Nunca hei de ter um Blog</a>, por onde ainda ando (para além do blog "interno" do site <a href="http://marcoantonio.pt/" style="background-color: #cccccc;">marcoantonio.pt</a> - onde "blogo" sobre assuntos que se relacionem com a minha vida profissional).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Tenho saudades do inSenso e do Petit Riens, mas foram blogs de que <i>EU </i>precisava naquele momento. E esse momento passou. Orgulho-me desses blogs mas não tenciono voltar a eles.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Agora, talvez precise de voltar aos meus mais recentes blogs, porque sentir-me "perro" e destreinado não é para mim, nunca foi. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas, acima de tudo, acho que devo voltar por um motivo muito simples.</div>
<div style="text-align: justify;">
Eu sou blogger. </div>
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-small;">* [isto é a escrita a fluir de modo a parecer que não flui - propositadamente -; o que significa que talvez já vá fluindo um pouco melhor]</span>Marco Antóniohttp://www.blogger.com/profile/13103992629118486108noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2174234595335511723.post-55523493325384782382016-03-23T15:03:00.002+00:002016-05-10T01:08:16.944+01:00A minha (inquantificável) verdadeira ambição: ser o melhor pai possível<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
As empresas, nas avaliações periódicas de desempenho dos
seus funcionários, têm sempre uma alínea em que atribuem um valor (sim,
quantitativo - de 1 a 5, de 1 a 10, ou entre 'x' e 'y' - os algarismos podem variar)
àquilo que denominam a "ambição" do trabalhador.<br />
Na verdade, o que
quase sempre consideram "ambição" é a disponibilidade do funcionário
para fazer mais horas que aquelas que o contrato estipula. Isso, alegadamente, (e sei-o porque já mo foi dito muitas vezes) mostra quanto o trabalhador ambiciona "subir
na carreira".<br />
Confesso que embarquei nessa ideia de que seria melhor
naquilo que faço/fazia se o fizesse em GRANDE quantidade. Talvez tenha
aparentado que fiz o meu melhor quando trabalhei que nem um louco - sempre pelo
mesmo salário e nunca, já agora, sem qualquer "subida na carreira" ou
promoção efectiva. Mas fui considerado "fantástico",
"enorme!", "exemplar".<br />
Este desempenho alegadamente
"ambicioso" da minha parte coincidiu com o nascimento de um canal de
televisão da minha empresa e, esse nascimento coincidiu com o nascimento (meses
depois) da minha filha, que praticamente não vi deitar durante os três
primeiros anos da vida, porque chegava sempre a casa para lá das 22:00 (muitas
vezes, mais tarde – muitas vezes até já de madrugada; muitas vezes depois de
ter entrado ao serviço às primeiras horas da manhã).<br />
Percebendo que algo estava
errado na minha alegada "ambição", pedi para mudar de horários e
chegou a ser-me dito, por um dos mais altos responsáveis do meu departamento na
empresa, que, se era por causa da minha filha, ela cresceria bem mesmo que eu
não estivesse lá para a deitar todas as noites (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">ipsis verbis</i>). Se tinha a intenção de mudar de vida, a partir dali tive
a certeza. E mudei. Deixei, naturalmente, de ser considerado "fantástico",
"enorme!", "exemplar" e, muito menos, “ambicioso”.<br />
As
empresas – falo assim, no abstracto, porque há pessoas dentro das empresas que
não pensam necessariamente pela bitola das instituições para as quais trabalham
– consideram sistematicamente que, por exemplo, fazer muitos turnos nocturnos
ou estar disponível para alternar de turnos sempre que convém à empresa é sinal
de “ambição”, quando, na verdade, é apenas sinal de que as pessoas estão em
péssima posição (financeira, sobretudo) para dizer que não – ou seja, correndo
o risco de se tornarem “dispensáveis” à primeira “restruturação” (que quase
sempre significa despedimento de funcionários). Mais, as empresas confundem horas e horários de trabalho com produtividade. Quanto ao primeiro caso, tenho a dizer que em todos os sítios onde trabalhei sempre conheci pessoas que lá estavam as mesmas horas que eu (e até mais horas do que eu - quando fiz <i>part-time</i>) e produziam menos. No segundo caso, as empresas nem percebem que há funcionários que simplesmente não têm o mesmo rendimento em todos os turnos... só porque são humanos (o ser humano, por regra, não tem a mesma acuidade mental 24 horas por dia), e que ao insistir colocar determinado funcionário num horário em que não se sente bem, e em que, por consequência, não produz tanto ou tão bem, se estão a prejudicar a si mesmas. Sim, as empresas prejudicam-se mais a si ao insistir neste erro. Mas insistem. Por vezes, sistematicamente, até que o funcionário mete "baixa", se demite ou é demitido (porque se tornou "dispensável").<br />
Mas, pronto. Eu decidi como decidi e, fiquei algo surpreendido quando boa parte das pessoas que
estranharam (e até criticaram) a minha opção na altura, curiosamente, mudou de
atitude na sua própria vida profissional com o nascimento dos <i style="mso-bidi-font-style: normal;">seus </i>filhos. Acho isso extremamente
positivo – tirando a parte em que podiam, antes disso, ter guardado as pedras nos
bolsos sem as atirar, porque telhados de vidro, um dia, todos temos. Não
consegui “subir na carreira” – que estagnou – mas sou hoje um pai extremamente
mais feliz por ter garantido maior controlo do ‘<i>ratio</i>’ trabalhador-pai.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="225" mozallowfullscreen="" scrolling="no" src="http://rd3.videos.sapo.pt/playhtml?file=http://rd3.videos.sapo.pt/JeR5jGL1hut9atnV4K9Y/mov/1" webkitallowfullscreen="" width="400"></iframe>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ouvi o
treinador <a href="http://videos.sapo.pt/JeR5jGL1hut9atnV4K9Y" target="_blank"><b>Quinito</b></a> – a sofrer de uma profunda depressão após a morte em 2009 do
filho de 30 anos, que diz não ter conhecido por trabalhar demasiado toda a vida
– e confesso que suspirei de alívio. Por uma só razão. Por não ter aquela amargura na minha voz. Se sofri de depressão já depois de ter pedido e feito mudança nos meus horários? Sim. Porque percebi, como já disse, que a carreira estagnou e não conseguia entender por que razão teria de ser alegadamente "melhor profissional" apenas estando disponível para fazer vários turnos diferentes na empresa. Melhorei dessa condição com terapia, mas o que garantiu reais e significativas melhoras foi, em definitivo, eu ter feito as pazes com a minha opção profissional.<br />
Hoje, que estou mesmo fora da minha profissão (numa licença sem vencimento) e a ponderar o que se segue na
minha “tal” carreira (que pode ser e pode não ser um regresso ao meu emprego), sei que fiz bem (quando toda a gente dizia que estava a
fazer mal) e espero continuar a fazer bem a parte de tudo tentar para ser simultaneamente um
bom pai e um bom trabalhador, mesmo que nunca mais venha a ser considerado "fantástico",
"enorme!", "exemplar".<br />
No entanto, na verdade, (e ao contrário do
que me disseram a partir de 2012) sempre me considerei ambicioso. Tenho a
ambição – que não quantifico, porque penso que não haja uma medida numérica que
faça justiça a isso – de fazer coisas muito boas, se possível sempre
inovadoras, mas sobretudo de alta qualidade; não forçosamente em grande
quantidade e definitivamente não em prejuízo da vida pessoal.<br />
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Hoje mesmo, a minha filha, meio adoentada, ficou comigo em
casa e fez dois desenhos: um de uma (e cito) «maquineta de fazer bonecos e
bonecas» e uma «máquina de fazer taças de comer sopa.»<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEilqaVizl0i1w4jOZV9QCIbfR8_q07KNHYIFlhBMHUq9PHBztQeIDAHJPOaHTUHbYd19CKZsWj7wHCPyqB0PnQmpn1vRruLooaU0elgE8s3563ae6bVyxEoAO-noCUicRwBdoM0FDgtFr_n/s1600/blogger-image--1954944692.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEilqaVizl0i1w4jOZV9QCIbfR8_q07KNHYIFlhBMHUq9PHBztQeIDAHJPOaHTUHbYd19CKZsWj7wHCPyqB0PnQmpn1vRruLooaU0elgE8s3563ae6bVyxEoAO-noCUicRwBdoM0FDgtFr_n/s320/blogger-image--1954944692.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<br />
<div style="text-align: center;">
<i><b><span style="color: #999999;"> [http://paidanoticias.blogspot.pt]</span></b></i></div>
<br />
Estou feliz porque presenciei aquele pequeno-grande momento de divertida
genialidade da Benedita. E ainda mais feliz estou por só muito raramente não
presenciar o momento em que ela se deita para dormir. A minha verdadeira
ambição maior – que também não quantificarei nunca – é ser o melhor pai possível e, se
possível, que ela sinta orgulho do profissional que serei enquanto ela crescer.
E quando crescer a ponto de já não ser a menina do pai que lhe deu a mão em
pequenina, espero não me arrepender daqueles três anos em que lhe dei tão
poucos beijos de boa noite. <o:p></o:p><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgT5EX87WrnRR-4oXjiTnjIt-1krgy5keJabPZXtpVMiDJ_-CckroYeVxH9EPaqMmM_3NUJDS0Vufc0gGDIKyhnlJvMRGQkfFYABr2BYF_IiKpqCmi2DEn1DhJre3mA7W2pRlfikPA7gfR1/s1600/image1-3.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgT5EX87WrnRR-4oXjiTnjIt-1krgy5keJabPZXtpVMiDJ_-CckroYeVxH9EPaqMmM_3NUJDS0Vufc0gGDIKyhnlJvMRGQkfFYABr2BYF_IiKpqCmi2DEn1DhJre3mA7W2pRlfikPA7gfR1/s320/image1-3.JPG" width="320" /></a></div>
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<br /></div>
Marco Antóniohttp://www.blogger.com/profile/13103992629118486108noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2174234595335511723.post-158217386559026362016-03-09T13:58:00.000+00:002016-03-09T14:15:00.496+00:00Sr. Presidente*<div class="page" title="Page 106">
<div class="layoutArea">
<div class="column">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: 12.000000pt;"><b>Terminado o almoço, levanta-se da mesa, sai da
sala, caminha uns passos e puxa do bolso das
calças do fato cinza escuro o velho telemóvel
que pouco usa. Olha para o visor e, mesmo antes </b></span><b style="font-family: inherit; font-size: 12pt;">de entrar no gabinete, pára, vira-se para trás e estica o
braço, passando o aparelho a quem mais perto está.</b></div>
</div>
</div>
<div class="layoutArea">
<div class="column">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: 12.000000pt;"><b><br /></b></span></div>
</div>
</div>
<div class="layoutArea">
<div class="column">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b><span style="font-size: 12.000000pt;">-</span><span style="font-size: 12.000000pt;">Faça-me um favor... Desliga-me isto? A minha mulher
</span><span style="font-size: 12.000000pt;">é que sabe mexer nestas coisas... Obrigado...</span></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b><span style="font-size: 12.000000pt;"><br /></span></b></span></div>
</div>
</div>
<div class="layoutArea">
<div class="column">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b><span style="font-size: 12.000000pt;">Volta a colocar o velho telemóvel – já desligado
</span><span style="font-size: 12.000000pt;">– no bolso e dirige-se finalmente para a secretária,
</span><span style="font-size: 12.000000pt;">impecavelmente arrumada, onde tem apenas uma base
em pele, castanha e reluzente, duas canetas douradas e
</span><span style="font-size: 12.000000pt;">um pequeno teclado de computador, sem fios. </span></b></span><b style="font-family: inherit; font-size: 12pt;">Volta atrás uns passos porque faz questão de ser
ele mesmo a fechar ambas as portas do gabinete –
anormalmente grande e luxuoso para ser um simples
gabinete. Portas que se abrem logo a seguir, ainda antes
de se sentar à secretária.</b></div>
</div>
</div>
<div class="layoutArea">
<div class="column">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: 12.000000pt;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: inherit;"><b>- Posso?...</b></span></span></div>
</div>
</div>
</div>
<div class="page" title="Page 107">
<div class="layoutArea">
<div class="column">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b><span style="font-size: 12.000000pt;"><br /></span></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b><span style="font-size: 12.000000pt;">Faz-se um curto silêncio. Despe o casaco, que coloca
</span><span style="font-size: 12.000000pt;">nas costas da cadeira. Senta-se, por fim. Aproxima
</span><span style="font-size: 12.000000pt;">a cadeira da secretária e estica ambos os braços em
simultâneo para a frente (naquele movimento que
permite que as mangas da camisa se ajustem aos braços,
para escrever mais à vontade).</span></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b><span style="font-size: 12.000000pt;"><br /></span></b></span></div>
</div>
</div>
<div class="layoutArea">
<div class="column">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: 12.000000pt;"><b>- Pode, pode. Vou precisar de si daqui a pouco. Sente-
se ali. Já falamos um bocadinho. Tenho umas ideias para
alinhavar.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: 12.000000pt;"><b><br /></b></span></div>
</div>
</div>
<div class="layoutArea">
<div class="column">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: 12.000000pt;"><b>As portas voltam a fechar-se para mais ninguém
entrar no gabinete até ser noite. </b></span><b style="font-family: inherit;"><span style="font-size: 12.000000pt;">Puxa de duas folhas “A4′′, lisas, da primeira gaveta
à direita na secretária. Dobra-as ao meio, em “A5′′, pega
</span><span style="font-size: 12.000000pt;">numa das canetas douradas e começa a escrever.</span></b></div>
</div>
</div>
<div class="layoutArea">
<div class="column">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b><span style="font-size: 12.000000pt;"><br /></span></b></span></div>
</div>
</div>
<div class="layoutArea">
<div class="column">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: 12.000000pt;"><b>- Não seria melhor escrever já a computador...?
</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: 12.000000pt;"><b><br /></b></span></div>
</div>
</div>
<div class="layoutArea">
<div class="column">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: 12.000000pt;"><b>A resposta não surge de imediato. Faz-se novo
silêncio. Longo, agora. Ele continua a escrever, ponto por
ponto, como quem faz uma lista de tarefas ou de compras.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: 12.000000pt;"><b><br /></b></span></div>
</div>
</div>
<div class="layoutArea">
<div class="column">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: 12.000000pt;"><b>- Não... Não... Oriento-me melhor assim, sabe. Mas
deixe-me alinhavar isto, se faz favor. Já falamos um
bocadinho. Está prometido. Vou precisar de si daqui a
pouco.»
</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: 12.000000pt;"><b><br /></b></span></div>
</div>
</div>
<div class="layoutArea">
<div class="column">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: 12.000000pt;"><b>Passa uma hora... passam duas... três... e os dois ali
sentados, em silêncio, cada um no seu lado do gabinete. Só
um faz alguma coisa. Escreve. O outro aguarda, de mãos
juntas, quase como quem reza; com os dois indicadores
esticados, a servir de suporte, tanto ao queixo, como ao
lábio inferior ou até à ponta do nariz, alternadamente. Passam mais uma hora nisto. Até que alguém bate à porta.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: 12.000000pt;"><b><br /></b></span></div>
</div>
</div>
<div class="layoutArea">
<div class="column">
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: inherit;"><b>- Posso?...</b></span></span></div>
<span style="font-family: inherit; font-size: 12.000000pt;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: 12.000000pt;"><span style="font-size: 12pt;"><b>- Não. Diga lá.</b></span></span></div>
<span style="font-family: inherit; font-size: 12.000000pt;">
</span>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: 12.000000pt;"><span style="font-size: 12pt;"><b><br /></b></span></span></div>
<span style="font-family: inherit; font-size: 12.000000pt;">
</span></div>
<div class="column">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b><img alt="page108image1728" height="0.250000" src="file:///page108image1728" width="15.125000" /></b></span></div>
</div>
</div>
</div>
<div class="page" title="Page 108">
<div class="layoutArea">
<div class="column">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: 12.000000pt;"><b>A nega causa espanto tanto à funcionária como ao
vígil companheiro das últimas quatro horas.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: 12.000000pt;"><b><br /></b></span></div>
</div>
</div>
<div class="layoutArea">
<div class="column">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: 12.000000pt;"><b>- O telefone está farto de tocar. Querem todos falar
consigo...
</b></span></div>
</div>
</div>
<div class="layoutArea">
<div class="column">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: 12.000000pt;"><b>- Diga-lhes que não vale a pena. Estamos aqui os dois
a alinhavar isto.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: 12.000000pt;"><b><br /></b></span></div>
</div>
</div>
<div class="layoutArea">
<div class="column">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: 12.000000pt;"><b>Levanta-se uma sobrancelha do outro lado do
gabinete.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: 12.000000pt;"><b><br /></b></span></div>
</div>
</div>
<div class="layoutArea">
<div class="column">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: 12.000000pt;"><b>- E até nós dois já somos uma multidão.</b></span></div>
</div>
</div>
<div class="layoutArea">
<div class="column">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: 12.000000pt;"><b>- Mas já estão a ligar até para o telemóvel da sua
esposa...
</b></span></div>
</div>
</div>
<div class="layoutArea">
<div class="column">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b><span style="font-size: 12.000000pt;">- Ah... Com isso não se preocupe... Ela dá conta do
</span><span style="font-size: 12.000000pt;">recado. Olhe... trazia-nos um chá?... Obrigado.
</span></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b><span style="font-size: 12.000000pt;"><br /></span></b></span></div>
</div>
</div>
<div class="layoutArea">
<div class="column">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b><span style="font-size: 12.000000pt;">Volta a pôr os olhos nas folhas dobradas, muito
escrevinhadas, onde continua a acrescentar pontos
</span><span style="font-size: 12.000000pt;">e mais pontos. Ao fim de mais meia hora de silêncio
</span><span style="font-size: 12.000000pt;">sepulcral, decide falar, ao mesmo tempo que estende o
</span><span style="font-size: 12.000000pt;">braço para passar as folhas ao fiel adido.
</span></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b><span style="font-size: 12.000000pt;"><br /></span></b></span></div>
</div>
</div>
<div class="layoutArea">
<div class="column">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b><span style="font-size: 12.000000pt;">- Ponha-me isto num <i>Word</i>, sim? Tem de ser
</span><span style="font-size: 12.000000pt;">rapidinho, que já falta pouco e não tarda chega toda a
gente. Obrigado pela ajuda que me deu esta tarde.</span></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b><span style="font-size: 12.000000pt;"><br /></span></b></span></div>
</div>
</div>
<div class="layoutArea">
<div class="column">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b><span style="font-size: 12.000000pt;">Ao pegar nas folhas, o adido primeiro levanta uma
</span><span style="font-size: 12.000000pt;">sobrancelha... depois as duas... e finalmente reúne
</span><span style="font-size: 12.000000pt;">coragem para perguntar:</span></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b><span style="font-size: 12.000000pt;"><br /></span></b></span></div>
</div>
</div>
<div class="layoutArea">
<div class="column">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b><span style="font-size: 12.000000pt;">- Tem mesmo a certeza que é </span><span style="font-size: 12.000000pt; font-style: italic;">isto </span><span style="font-size: 12.000000pt;">que quer dizer?!...
</span></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b><span style="font-size: 12.000000pt;"><br /></span></b></span></div>
</div>
</div>
<div class="layoutArea">
<div class="column">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b><span style="font-size: 12.000000pt;">E, no fim de perguntar, percebe de imediato que vai
</span><span style="font-size: 12.000000pt;">ouvir aquela resposta já dezenas de vezes ouvida, sempre
em alturas chave.</span></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b><span style="font-size: 12.000000pt;"><br /></span></b></span></div>
</div>
</div>
<div class="layoutArea">
<div class="column">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b><span style="font-size: 12.000000pt;">- Eu nunca me engano e raramente tenho dúvidas. </span><span style="font-size: 12.000000pt;">Lembra-se?</span></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b><span style="font-size: 12.000000pt;"><br /></span></b></span></div>
</div>
</div>
<div class="layoutArea">
<div class="column">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b><span style="font-size: 12.000000pt;">Lá está ela, a resposta. Resta-lhe “passar a limpo” o </span><span style="font-size: 12pt;">que tem naquelas duas folhas e oito páginas de rascunho..
Sai do gabinete para só lá voltar quinze minutos depois.</span></b></span></div>
</div>
</div>
</div>
<div class="page" title="Page 109">
<div class="layoutArea">
<div class="column">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b><span style="font-size: 12.000000pt;"><br /></span></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b><span style="font-size: 12.000000pt;">Quando regressa, com quatro folhas “A4′′ na mão, já o
</span><span style="font-size: 12.000000pt;">chefe não está no gabinete, mas sim numa pequena sala
ao lado, a ser maquilhado por uma jovem muito jovem
(e bonita!) que vai balbuciando algo sobre ser «uma
emoção estar a pôr-lhe um pozinho!». Ele estica a mão
por debaixo de um tecido (que acaba de aprender que
se chama penteador), pega o novo enunciado e passa-lhe
uma vista de olhos.</span></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b><span style="font-size: 12.000000pt;"><br /></span></b></span></div>
</div>
</div>
<div class="layoutArea">
<div class="column">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b><span style="font-size: 12.000000pt;">- Sim, é mesmo </span><span style="font-size: 12.000000pt; font-style: italic;">isto </span><span style="font-size: 12.000000pt;">que eu quero dizer. Obrigado pelo
pozinho, menina.</span></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b><span style="font-size: 12.000000pt;"><br /></span></b></span></div>
</div>
</div>
<div class="layoutArea">
<div class="column">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b><span style="font-size: 12.000000pt;">E volta para o gabinete, unicamente para se imobilizar
junto às portas principais, que se abrem exactamente
trinta segundos depois de se ter lá colocado, a ouvir o
burburinho de gente a falar e de toques de telemóvel e de
</span><span style="font-size: 12.000000pt;">cliques e de flashes, que subitamente aumentam (todos!)
</span><span style="font-size: 12.000000pt;">de volume, num frenesi de som e luz que só amaina
quando já está frente a cerca de umas trinta pessoas e de
um pequeno palanque.</span></b></span></div>
</div>
</div>
<div class="layoutArea">
<div class="column">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: 12.000000pt;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: 12.000000pt;"><b>E, chegado ali, fala...</b></span><br />
<span style="font-family: inherit; font-size: 12.000000pt;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: 12.000000pt;"><b><br /></b></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhv83wS2YV4nuKuVcKAz0Ep9tH4BsodXIzx4eyoC3beTMc-nSkmLH71aZBqhmCcDuLIfNUvnDxVjPQTaAa962DHKFMZu4xkOauiCXNFvPWiOq5Oeqzay_7c5UC8PAXK-B212AWjRpo_olcl/s1600/Captura+de+ecra%25CC%2583+2016-03-9%252C+a%25CC%2580s+13.45.13.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-family: inherit;"></span></a><b style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"></b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiY-fZXozoetgL-Z9Nrn59bcIynLqc4PjeJgGLEHYURDvIsItb6hAqvLxhu_wbm42RktdiYe8kxrPXZhLQZpRaImkf0a0F5kWBvxGlQ-ffWvR0snsdpkoQGcC4omd3aHx2RCtjiyXItM9rW/s1600/cavaco.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="252" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiY-fZXozoetgL-Z9Nrn59bcIynLqc4PjeJgGLEHYURDvIsItb6hAqvLxhu_wbm42RktdiYe8kxrPXZhLQZpRaImkf0a0F5kWBvxGlQ-ffWvR0snsdpkoQGcC4omd3aHx2RCtjiyXItM9rW/s400/cavaco.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-size: x-small;">[Ilustração: Lucy Pepper]</span></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b><br /></b></span></div>
</div>
</div>
</div>
<div class="page" title="Page 110">
<div class="layoutArea">
<div class="column">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b><span style="font-size: 12.000000pt;">Minutos depois, despede-se e sai, de novo para o
</span><span style="font-size: 12.000000pt;">gabinete, apenas para pousar as quatro folhas “A4′′
</span><span style="font-size: 12.000000pt;">na secretária, maculando por momentos a impecável
arrumação do móvel.</span></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b><span style="font-size: 12.000000pt;"><br /></span></b></span></div>
</div>
</div>
<div class="layoutArea">
<div class="column">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b><span style="font-size: 12.000000pt;">- Arquiva-me isto no sítio habitual, por favor? Mas
</span><span style="font-size: 12.000000pt;">antes tire umas fotocópias, que vamos precisar delas pela
manhã. Obrigado. Vou-me deitar.</span></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b><span style="font-size: 12.000000pt;"><br /></span></b></span></div>
</div>
</div>
<div class="layoutArea">
<div class="column">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: 12.000000pt;"><b>E vai.</b></span></div>
</div>
</div>
<div class="layoutArea">
<div class="column">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: 12.000000pt;"><b>Ao entrar no quarto, senta-se na cama, a olhar para
a janela.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: 12.000000pt;"><b><br /></b></span></div>
</div>
</div>
<div class="layoutArea">
<div class="column">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: 12.000000pt;"><b>- Sabes que vais ter problemas, não sabes?... Acreditas
que me ligaram todos?... Nunca me tinha acontecido! Não
assim, pelo menos... Eles não sabiam de nada, mesmo?...
Nenhum deles?!... O teu telefone está avariado?...
</b></span></div>
</div>
</div>
<div class="layoutArea">
<div class="column">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b><span style="font-size: 12.000000pt;">- Não. Importas-te que me deite só assim um
</span><span style="font-size: 12.000000pt;">bocadinho, ainda vestido? Já visto o pijama. Só quero
</span><span style="font-size: 12.000000pt;">descansar os olhos.. Desligas a luz por uns minutos, por
</span><span style="font-size: 12.000000pt;">favor?... Obrigado. Desliga o teu telefone também. Eles
</span><span style="font-size: 12.000000pt;">vão querer ligar toda a noite. Já dei ordem para ninguém
anotar mensagens sequer. Amanhã trato deles... perdão...
trato disso.</span></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b><span style="font-size: 12.000000pt;"><br /></span></b></span></div>
</div>
</div>
<div class="layoutArea">
<div class="column">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: 12.000000pt;"><b>Ela desliga a luz. Ele fica sozinho no quarto, no escuro.
</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: 12.000000pt;"><b><br /></b></span></div>
</div>
</div>
<div class="layoutArea">
<div class="column">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: 12.000000pt;"><b>- Raramente tenho dúvidas... - respira fundo - ... nunca
me engano...
</b></span></div>
</div>
</div>
<div class="layoutArea">
<div class="column">
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: inherit;"><b><br /></b></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: inherit;"><b>Adormece.</b></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: inherit;"><b>Até de manhã.</b></span></span></div>
<span style="font-family: inherit; font-size: 12.000000pt;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: 12.000000pt;"><span style="font-size: 12pt;"><b>Será o seu 2681º dia em funções.</b></span></span></div>
<span style="font-family: inherit; font-size: 12.000000pt;">
</span>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: 12.000000pt;"><span style="font-size: 12pt;"><b><br /></b></span></span></div>
<span style="font-family: inherit; font-size: 12.000000pt;">
</span>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: 12.000000pt;"><br /></span></div>
<span style="font-family: inherit; font-size: 12.000000pt;">
</span>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: 12.000000pt;"><span style="font-size: 12pt;"><i><br /></i></span></span></div>
<span style="font-family: inherit; font-size: 12.000000pt;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt;"><i>* Publicado originalmente na revista online "Papel", em 2013. Republicado posteriormente, em 2015, no livro "Sem princípio, meio, ou fim."</i></span></div>
</span></div>
</div>
</div>
Marco Antóniohttp://www.blogger.com/profile/13103992629118486108noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2174234595335511723.post-17407728134148979122015-11-23T17:55:00.001+00:002015-11-24T23:53:43.542+00:00"Sem princípio, meio, ou fim." - A análise (definitiva!) <div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<i></i><br />
<div style="text-align: justify;">
<i><i>NOTA: Augusto Nogueira, actual director da Escola Secundária com 3º Ciclo Dom Dinis, de Coimbra, foi meu professor de Português na Escola Secundária de Soure, nos anos '90. Como docente e ser humano é extremamente carismático, de tal forma que, volvidos muitos anos, é o único professor daquela fase da minha vida com quem ainda mantenho contacto. Por isso - por me conhecer ainda adolescente e ter acompanhado aquilo que fui tornando até hoje -, pelo facto de ser um amante da Literatura e por, juntando essas razões, ser a pessoa mais avalizada para o fazer, arrisquei tudo - correndo o risco de ser tecnicamente dizimado por "quem de direito" - e pedi ao s'tôr Augusto que lesse o meu livro "Sem princípio, meio, ou fim." e no final partilhasse a sua análise da obra - escrevi-o, de resto, na mensagem que lhe dediquei quando assinei o exemplar que seguiu para Coimbra. Temi o que fiz, confesso. Senti até ligeiro arrependimento dessa ousadia. Hoje, sinto-me esmagado - da forma mais positiva possível! - pela resposta, pela análise, pela surpresa de ler o que li na volta do... e-mail. Com um imenso agradecimento ao Professor Augusto Nogueira - que já lhe fiz chegar - e com uma única nota para o facto de, tal como o Professor, também eu preferir o termo "estórias" em vez de "histórias" (só não o utilizo porque normalmente não é bem entendido pela maioria dos leitores), aqui fica - sem mais palavras minhas - a transcrição da análise de Augusto Nogueira à obra "Sem princípio, meio, ou fim."</i></i></div>
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<b><span style="font-family: inherit;"> Começando pela dedicatória, permite-me que te diga que a mesma e o tal desafio “público” me honram bastante. Depois, dizer-te também que a obra ultrapassa tudo o que te ensinei.</span></b></div>
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<b><span style="font-family: inherit;"><br /></span></b></div>
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<b><span style="font-family: inherit;"> Se pensarmos que a missão de um professor de Português é potenciar as capacidades criativas, linguísticas e interpretativas, entre outras, de um aluno, só posso concluir que a minha missão foi cumprida. Há, porém, felizmente, alunos que conseguem ultrapassar e superar tudo o que lhe é ensinado. Ao longo da vida acrescentam muito mais ao que aprenderam na escola através do seu labor, da sua criatividade, do seu talento, do seu génio. Aqui, o discípulo ultrapassa o mestre. Regozijo-me com o facto!</span></b></div>
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<b><span style="font-family: inherit;"><br /></span></b></div>
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<b><span style="font-family: inherit;"> O título “Sem princípio, meio, ou …” é também uma expressão que se costuma usar para designarmos algo sem sentido. Direi que a maior parte das histórias dos “pequenos contos” têm uma espécie de “non sense”. Efetivamente, algumas histórias são desconcertantes, com desenvolvimento imprevisto e surpreendente. Surge-nos, pois, uma primeira característica dos “pequenos contos”, mas onde o surpreendente não deixa de ser ousado e criativo. </span></b></div>
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<b><span style="font-family: inherit;"><br /></span></b></div>
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<b><span style="font-family: inherit;"> Curiosamente, vejo o autor, sentado na segunda fila de cadeiras da esquerda, na última, se não estou em erro, e que por vezes fazia comentários também eles desconcertantes, mas movidos pela pertinência e ousadia. Ou dirigindo-se no fim da aula à minha secretária com comentários “provocadores” e “desafiantes”. Já nesses momentos se manifestava o génio criativo que agora está patente nos contos.</span></b></div>
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<b><span style="font-family: inherit;"><br /></span></b></div>
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<b><span style="font-family: inherit;"> Retomando, a maior parte dos contos, desconcertantes como já afirmei, acabam por ter muito sentido, pois o princípio, o meio e o fim ficam ao critério do leitor (como somos alertados ou informados na introdução). O que será da literatura quando o leitor não construir com o narrador a obra? Portanto, são contos de construção conjunta e a este nível também são desafiantes. Não é por este motivo que uma narrativa escrita é de longe superior a uma qualquer encenação teatral ou fílmica? A resposta é essa: no livro, o leitor constrói também. </span></b></div>
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<b><span style="font-family: inherit;"><br /></span></b></div>
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<b><span style="font-family: inherit;"> Quanto ao desafio plástico, fico a perder e não consigo acompanhar, muito menos completar. Nunca tive jeito para desenho…</span></b></div>
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<b><span style="font-family: inherit;"><br /></span></b></div>
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<b><span style="font-family: inherit;"> “Sem princípio, meio, ou…” remete-nos, como dizes e muito bem, para “histórias” onde não há um antes ou um depois, um fim. Há o momento, o instante. Por isso, para mim, os teus contos são instantes, “flashes” narrativos da vida de personagens ficionadas e/ou reais. Daí que, numa primeira comunicação minha, até utilizei o termo “estória”, termo que os brasileiros usam para distinguir a “história” e “estória”. Sempre concordei com eles nesta matéria, pois factos grandiosos, de história de um povo, da vida de uma família ou de uma pessoa não é o mesmo que “estórias” curtas e momentâneas. Vou retirar o termo “estória” porque me parece não ser do teu agrado e fiquemo-nos com histórias. </span></b></div>
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<b><span style="font-family: inherit;"><br /></span></b></div>
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<b><span style="font-family: inherit;"> Neste âmbito, não posso deixar de te parabenizar novamente porque é notório que temos um narrador/autor que foi capaz de fixar do mundo real pessoas com quem tenha se tenha cruzado, convivido ou histórias que tenha ouvido. Captar o mundo real, filtrá-lo e ficcioná-lo não está ao alcance de todos.</span></b></div>
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<b><span style="font-family: inherit;"><br /></span></b></div>
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<b><span style="font-family: inherit;"> Outro dado cativante dos teus contos diz respeito às personagens das histórias. Em histórias tão curtas não há tempo para as personagens serem trabalhadas ou se manifestarem em riqueza ou densidade psicológica, pelo que ficamos com uma pincelada muito vaga. Nesta linha, vemos desfilar personagens vulgares, populares, de baixa condição social, aproximando-se de personagens pícaras. Isto é, não o herói, dotado de caraterísticas ímpares, mas o vulgar que, se for preciso, recorre a meios de baixa moral. No meio desta “passerelle”, confrontarmo-nos com personagens e histórias interessantíssimas e a sua identificação é uma manifestação de preferência minha: a “Maria Severa de Linda-a-Velha, “ O Relojoeiro”, “António Frasco”, O Sr. Presidente”, “Filomena Aviadora”, e “A César o que não é de César”. Diria que em algumas delas a personagem se aproxima da poesia da vida…</span></b></div>
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<b><span style="font-family: inherit;"><br /></span></b></div>
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<b><span style="font-family: inherit;"> Por último, quero referir a dinâmica narrativa. Os contos lêem-se num ápice. Como são curtos e entusiasmantes, queremos conhecer a personagem que se segue, ver o próximo a desfilar. Quero dizer, que há dinâmica, há vida nas personagens e na narração. </span></b></div>
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<b><span style="font-family: inherit;"><br /></span></b></div>
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<b><span style="font-family: inherit;"> Como corolário, qual cereja no topo do bolo, a ironia subjacente a todas as histórias e personagens. Mas não vejo uma ironia desdenhante ou altiva, pelo contrário, vejo uma ironia carinhosa e manifestadora de apreço pelas personagens.</span></b></div>
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<b><span style="font-family: inherit;"><br /></span></b></div>
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<b><span style="font-family: inherit;"> É o que tenho a dizer-te, Marco, sobre o teu “Sem princípio, meio, ou…” </span></b></div>
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<b><span style="font-family: inherit;"><br /></span></b></div>
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<b><span style="font-family: inherit;"><br /></span></b></div>
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<b><span style="font-family: inherit;"> Um grande abraço e muitos êxitos.</span></b></div>
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<b><span style="font-family: inherit;"><br /></span></b></div>
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<b><span style="font-family: inherit;"> Adémia-Coimbra, 22 de novembro de 2015</span></b></div>
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<b><span style="font-family: inherit;"><br /></span></b></div>
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<b><span style="font-family: inherit;"><br /></span></b></div>
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<b><span style="font-family: inherit;"> Augusto Nogueira</span></b></div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgOoxksWWtgLBU1yWhwwxfH_dfRHNZiHGRa7-LUbY_GPamUdWojZqz9z43wlHFniAh3LWuWrRxXbMWKBL0lfxLG0R2lotPKX8oBgivsx_PP2Aif65qkDoYDu2F0E2Wo7Q7NoDw0KB8shqP_/s1600/12109173_10153681131158428_3471862724750204672_n.jpg" style="font-family: inherit;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgOoxksWWtgLBU1yWhwwxfH_dfRHNZiHGRa7-LUbY_GPamUdWojZqz9z43wlHFniAh3LWuWrRxXbMWKBL0lfxLG0R2lotPKX8oBgivsx_PP2Aif65qkDoYDu2F0E2Wo7Q7NoDw0KB8shqP_/s320/12109173_10153681131158428_3471862724750204672_n.jpg" /></a></div>
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Marco Antóniohttp://www.blogger.com/profile/13103992629118486108noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2174234595335511723.post-75850592471191096782015-06-17T21:37:00.002+01:002015-06-17T21:37:41.846+01:00(Not) The End<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #141823; line-height: 19px;"><span style="font-family: inherit;"><b>Confesso que estou algures entre o orgulho próprio por ter conseguido, a incerteza de como este verá a luz do dia (mas vai ver!), o alívio por ter acabado e o «Se calhar... isto não foi tão bem pensado quanto isso...» por este ser o primeiro de uma série de três que me propus escrever.</b></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #141823; line-height: 19px;"><span style="font-family: inherit;"><b><br /></b></span></span></div>
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<span style="background-color: white; color: #141823; line-height: 19px;"><span style="font-family: inherit;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiADfmiKcDODjMKZKqqGaMqyzUs01jaAal5n_7OFZ8b9xbeTguumXSZ6S6f2apQ98H0KJRXtbiDNnUxSSP76RAsSBGCNtU8BVp6zoYHYxyPtasXtYHE8ZbxJB-8giQk6dwsplp8wUrJ19kp/s1600/book1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="173" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiADfmiKcDODjMKZKqqGaMqyzUs01jaAal5n_7OFZ8b9xbeTguumXSZ6S6f2apQ98H0KJRXtbiDNnUxSSP76RAsSBGCNtU8BVp6zoYHYxyPtasXtYHE8ZbxJB-8giQk6dwsplp8wUrJ19kp/s320/book1.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #141823; line-height: 19px;"><span style="font-family: inherit;"><b><br /></b></span></span></div>
<span style="background-color: white; color: #141823; line-height: 19px;"><span style="font-family: inherit;"><b><br /></b></span></span>
<div style="text-align: center;">
<span style="background-color: white; color: #141823; line-height: 19px;"><span style="font-family: inherit;"><b>Mas sabe tão bem terminar de escrever um livro!...</b></span></span></div>
Marco Antóniohttp://www.blogger.com/profile/13103992629118486108noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2174234595335511723.post-18943676392009894512015-02-04T22:52:00.002+00:002015-02-04T23:05:38.688+00:00«Nós temos tempo.»<div style="font-family: Helvetica; text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: inherit;">Não é fácil acontecer ser surpreendido por algo que me digam. Consequência do tempo que passa pela vida. Mas hoje fui. Com três palavras.</span></b></div>
<div style="min-height: 22px; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: inherit;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
<b><span style="font-family: inherit;">«Nós temos tempo.»</span></b></div>
</div>
<div style="min-height: 22px; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: inherit;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: inherit;">Na verdade, nenhumas outras três palavras conseguiriam surpreender-me hoje, senão estas. «Nós temos tempo.» Precisamente hoje, que mal tive tempo para dormir, para acordar, para tomar o pequeno-almoço, para estar às sete da manhã no trabalho, para só de lá sair às quatro da tarde, sem pelo meio ter tempo de fazer outra coisa que não aquilo que me pagam para fazer até às duas, sem ter tempo para almoçar, sem ter tempo para uma ida à casa-de-banho sequer. E quando saí do trabalho, supostamente com tempo no resto do dia para fazer o que tivesse de ser feito, saí sem tempo a perder, porque na oficina já esperavam pelo carro. «Nós temos tempo.», foi algo que nunca pensei ouvir hoje, muito menos compreender, ou sequer ter espaço na mente (ou tempo, lá está) para processar essas três surpreendentes palavras. Mas ouvi-as, sim. No supermercado, para onde me precipitei logo a seguir ao arranjo do carro, sem tempo a desperdiçar porque já se fazia tarde para ir buscar a pequena à escola. Carregado que tinha o cesto (apressadamente cheio em menos de 5 minutos de passagem pelos vários corredores da loja), já junto à caixa, percebi que o casal que me seguia na fila tinha apenas três artigos para pagar. Olhei para eles, ofereci-lhes passagem, porque caso contrário esperariam muito mais eles por mim do que aquilo que esperaria eu por eles. Consequência da educação que os meus pais me deram.</span></b></div>
<div style="min-height: 22px; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: inherit;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: inherit;">«Obrigado! Não se preocupe!», respondeu-me o senhor, com um sorriso largo e descontraído. «Nós temos tempo.»</span></b></div>
<div style="min-height: 22px; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: inherit;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: inherit;">Tenho ideia de ter ficado - como se diz… - embasbacado, ali, durante uns segundos. Porque me parece - porque me pareceu, naquele momento, pelo menos - que já ninguém diz que tem tempo. E continuo ainda com essa dúvida, se alguém, hoje em dia, dirá que tem tempo, com a franqueza com que aquele homem me disse. Verdade seja dita, se fiquei embasbacado, foi só mesmo por uns segundos porque <i>eu</i> não tinha tempo. Tinha de pagar e sair, meter-me no carro e rumar à escola da pequena. E assim foi. Pelo caminho, dei comigo a “ouvir” a frase mentalmente. «Nós temos tempo.» Que coisa extraordinária!</span></b></div>
<div style="min-height: 22px; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: inherit;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: inherit;">Entrei na escola, com a certeza de que pegaria a pequena, assinaria o termo de responsabilidade e com ela regressaríamos a casa rapidamente, porque havia jantar para fazer, banho para dar e tudo fazer para deitar cedo, sem grande tempo para brincadeiras, que amanhã o dia começa de madrugada e será longo, certamente.</span></b></div>
<div style="min-height: 22px; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: inherit;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: inherit;">Subi as escadas, peguei logo o casaco e a mochila dela, bati à porta da sala e abri. Ela olhou e levantou-se de imediato, pronta para sair. Mas tinha um livro na mão. Estava a ler uma história a todos os colegas, que a estavam a ouvir em silêncio. «Nós temos tempo.», pensei, naquele exacto instante. Disse-lhe para não se levantar, para voltar a pegar no livro e para lê-lo até ao fim. Com a autorização da educadora, puxei uma das minúsculas cadeiras da sala e lá fiquei, a ouvir também. Não tinha tempo. Forcei-me a tê-lo. «Nós temos tempo.» Eu e ela também tínhamos de ter tempo, acima de tudo para partilhar pela primeira vez um momento de que ela já me tinha falado mas que, em cinco anos de infantário, eu nunca tinha presenciado.</span></b></div>
<div style="font-family: Helvetica; text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="font-family: Helvetica; text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEivHa_mEaw8lPVjgcIZgsNmHW9mPXqmSVkytKZDqjZw4ZO00lalbNcUFQsB2SNDXTa9Iz6yVYeiHvv431XHYgWZWano6RQu2O6RVK3Dl74dBIM3K-3DGiUaVeSd9KpTGKOI3vMGd83sFfi1/s1600/tempo.gif" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEivHa_mEaw8lPVjgcIZgsNmHW9mPXqmSVkytKZDqjZw4ZO00lalbNcUFQsB2SNDXTa9Iz6yVYeiHvv431XHYgWZWano6RQu2O6RVK3Dl74dBIM3K-3DGiUaVeSd9KpTGKOI3vMGd83sFfi1/s1600/tempo.gif" height="320" width="320" /></a></div>
<div style="font-family: Helvetica; text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="font-family: Helvetica; min-height: 22px; text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: inherit;">Ela leu tudo até ao fim. Eu esperei. O tempo que foi necessário. Quando ela terminou a leitura (largos minutos depois), então sim, saímos. Atrasou-se o jantar e o banho, pois sim. Mas ganhou-se tempo. Daquele que não vem nos relógios. Daquele que colocou o sorriso e a descontração na expressão do senhor que me surpreendeu ao dizer «Nós temos tempo.» Só mais tarde percebi mesmo o que ele me quis dizer com aquelas três palavras.</span></b></div>
<div style="min-height: 22px; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: inherit;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: inherit;">Esperei por chegar à cama para escrever isto. Não que tenha muito tempo para o fazer - já devia estar a dormir, porque o despertador toca às 5:30 da madrugada - mas mesmo sacrificando tempo de sono queria ter um pouco de tempo para deixar este episódio por escrito. Atrasa-se o adormecer, por sim. Mas ganha-se tempo. Daquele que não vem nos relógios. Daquele que me faz sentir que vale a pena perder tempo para ganhar tempo a fazer alguma coisa que valha a pena. </span></b></div>
<div style="min-height: 22px; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: inherit;"><br /></span></b></div>
<b style="text-align: justify;"><span style="font-family: inherit;">Por exemplo, capacitar-me que devo dizer mais vezes estas três palavras: «Eu tenho tempo.»</span></b>Marco Antóniohttp://www.blogger.com/profile/13103992629118486108noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2174234595335511723.post-14180220494455800812015-01-08T18:28:00.002+00:002015-01-08T18:46:13.906+00:00A Li(mite)berdade de Expressão<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-sMnO65o7mjRtUDOJrkQzun4MStOhWrc007iUqCbwCteuZo9U3Ka9BKQ8tM3tLQWYy2MS9hkpHTRQ57Ok5vD59TGSXbZjkdF-6U0WgVNtlWEr4KDJFEpzT2wQ-YFJc7hkY4NJMo8vS7rO/s1600/63901176.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-sMnO65o7mjRtUDOJrkQzun4MStOhWrc007iUqCbwCteuZo9U3Ka9BKQ8tM3tLQWYy2MS9hkpHTRQ57Ok5vD59TGSXbZjkdF-6U0WgVNtlWEr4KDJFEpzT2wQ-YFJc7hkY4NJMo8vS7rO/s1600/63901176.jpg" height="320" width="254" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Já o tinha sentido ontem, voltei a senti-lo esta manhã e voltei a sentir ao fim da tarde, por aqui. Há quem "apanhe a onda" na carreirinha e tente justificar que devia haver limites à liberdade de expressão na escrita (jornalística), nas artes (a banda desenhada, por exemplo) e até nas atitudes que optamos ter ou opiniões pessoais que emitimos. É curioso que estas opiniões (ditas/escritas livremente por aqui, nas redes sociais) venham sobretudo de católicos. Há que lembrar que existem limites que podem colocar-se à liberdade de expressão. Dois, até. O limite do bom senso (que depende de cada um) e o da lei judicial (que - embora dependa de país para país - determina e penaliza, por exemplo, o que é calúnia). A Lei de Deus, neste caso, não se aplica (pelo menos a quem não a queira cumprir - e aí entra o livre arbítrio e o bom senso, de que já falei). Tudo o resto são opiniões, que podem ser positivas ou negativas mas que não podem limitar a expressão do ser humano. Recordo que foi a liberdade de expressão (no caso, que não existia) que possibilitou a disseminação da Palavra de Deus. Alguém - para os cristãos, Jesus Cristo - falou diferente, de algo novo, quando todos falavam de outra coisa e não permitiam essa nova Palavra (que, aliás, tentaram aniquilar ANTES de ser proferida). Não percebo a questão da limitação da liberdade de expressão, que todos queremos ter para poder defender aquilo em que acreditamos. Questiono-me (e questiono que defende os limites à liberdade de expressão) se essa ideia aplica-se só àquilo que os outros querem expressar e que não gostamos de ouvir. Haver limites na escrita, na banda desenhada ou até nas atitudes é censura. E censura nenhum de nós defende. Acho eu.</b></div>
Marco Antóniohttp://www.blogger.com/profile/13103992629118486108noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2174234595335511723.post-18555733137328270882014-11-15T10:32:00.003+00:002016-01-21T12:41:10.368+00:00A historia da estória que morreu antes de nascer<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b>Cinco letras, espaço, mais duas letras, <i>delete</i>, <i>delete</i>, <i>delete</i>, espaço, <i>delete</i>, <i>delete</i>… até que o cursor fica de novo a piscar no canto superior do ecrã, à espera de novo comando do humano à sua frente. Aquele que esfrega as mãos pela cara, passando-as mais devagar e com mais força pela barba, como que usando os pêlos rijos como espigões de massagem para activar a circulação nas pontas dos dedos, que logo a seguir poisam em cima das teclas de novo.</b></span></div>
<div style="min-height: 22px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b>Três letras, espaço, <i>delete</i>, <i>delete</i>, <i>delete</i>.</b></span></div>
<div style="min-height: 22px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b>Duas letras, til, letra, <i>delete</i>, <i>delete</i>, <i>delete</i>.</b></span></div>
<div style="min-height: 22px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b>É assim tão difícil começar?!…</b></span></div>
<div style="min-height: 22px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b>O cabelo! Passa a mão pelo cabelo! Costuma acalmar-te! Isso! Pela testa também! Agora, vá, força!</b></span></div>
<div style="min-height: 22px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b>Seis letras, espaço, duas letras, espaço, três letra, espaço - é agora! -, sete letras, <i>delete</i>, <i>delete</i>… Não! Deixa-te ir!… <i>Delete</i>, <i>delete</i>. Selecção de texto com o rato, <i>delete</i>. Cursor de novo a piscar, sozinho, no canto superior so ecrã, a gozar contigo, não vês? Vai beber um café e volta. Antes isso que massacrares as teclas, que não têm culpa do que te está a acontecer. O cursor não vai parar de piscar e cá estará à tua espera, podes ter certeza. Ninguém vai a lado algum, a não ser tu, que vais beber um café. Até já!</b></span></div>
<div style="min-height: 22px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b>Então, pronto? Recomposto? Vamos a isso!</b></span></div>
<div style="min-height: 22px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b>Duas letras, reticências…</b></span></div>
<div style="min-height: 22px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b>Esquece. Não vai acontecer. A história que contaste ontem era fantástica. A que vais escrever amanhã se calhar também será. A de hoje não aconteceu. Faz parte, dizem.</b></span></div>
<div style="min-height: 22px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b>Agora vai lá fora. Não te esqueças de levar um bloco de notas e uma caneta. Olha para as pessoas, para as caras, para as nuvens, sente o cheiro do ar e da terra, inspira, expira e inspira-te de novo.</b></span></div>
<div style="min-height: 22px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b>Mas antes dá-me descanso, por favor. Tal como tu, já estou farto deste cursor a piscar.</b></span></div>
<div style="min-height: 22px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><span style="font-family: inherit;"><b>Close window, don’t save, close program, shut down. Enter.</b></span></i></div>
<div style="min-height: 22px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b><br /></b></span></div>
<div style="min-height: 22px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b><br /></b></span></div>
<div style="min-height: 22px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b><br /></b></span></div>
<div style="min-height: 22px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b><br /></b></span></div>
<div style="min-height: 22px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b><br /></b></span></div>
<b><br /></b>
<br />
<div style="min-height: 22px; text-align: justify;">
<br /></div>
Marco Antóniohttp://www.blogger.com/profile/13103992629118486108noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2174234595335511723.post-45609772883454209012014-09-04T20:47:00.003+01:002014-09-04T20:47:35.114+01:00Da (falta de) humildade*<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>«Ao contrário de uma Meryl Streep, tem a sorte de poder percorrer 300km e ir até Badajoz, onde já ninguém a conhece.»</b></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="text-align: start;"><span style="font-size: x-small;"><i>[in Lux]</i></span></span></div>
<br />
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
Tão bom. Tão certo. Tão abrangente. Tão aplicável a tanta gente. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
- - -</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
* ou, "A verdade também se escreve com letras em tom de cor-de-rosa"</div>
Marco Antóniohttp://www.blogger.com/profile/13103992629118486108noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2174234595335511723.post-31597600681928922432014-06-24T22:20:00.000+01:002014-06-24T22:48:06.789+01:00Cheira bem...<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhML6QH-fqRgTTLr8FjPr18WFZc-ZjpuvnqXE5ashiWBw1CZoUryMqiZnpLg9nhDWXgO8cDN3W9nJriSVGFXAsfsK-tLA7LbWWvw5zz6UQvJjdz9Kx6NDs7PxpOZTFXi2KGqs1SpuDLgeWM/s1600/10300796_10152543348113428_6390520337735286954_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhML6QH-fqRgTTLr8FjPr18WFZc-ZjpuvnqXE5ashiWBw1CZoUryMqiZnpLg9nhDWXgO8cDN3W9nJriSVGFXAsfsK-tLA7LbWWvw5zz6UQvJjdz9Kx6NDs7PxpOZTFXi2KGqs1SpuDLgeWM/s1600/10300796_10152543348113428_6390520337735286954_n.jpg" height="320" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Está sol, céu azul e as nuvens ajudam a compor a pintura ideal de um dia de verão, em que outras cores são dadas por bandeiras de Portugal e das festas que já foram. Cheira a sardinha pela rua. E cheira bem. A calçada escorrega de tão gasta - eu que o diga. Ouvem-se vários idiomas diferentes na mesma rua, e em várias ruas diferentes. Numa esquina, um rabanada de vento atira caixas de papelão para cima dos pés de um turista de mochila, perante o olhar impávido de um tipo à porta de uma tasca que mostra estar ali como está em casa, mais copo menos copo de vinho tinto. O turista sorri perante o acaso do seu azar, de passar na hora errada, pela esquina certa, no momento da rabanada de vento certeira que atirou as caixas para os pés errados. Pega nelas, arruma-as no monte de caixas de onde saltaram, sempre com um sorriso na boca, a mesma de onde sai um sonoro "Merci!" dirigido ao tipo da tasca, que não ajudou. Distraio-me com a cena enquanto caminho. Escorrego (outra vez) na calçada. Cheira a sardinha pela rua. E cheira bem. Cheira a Lisboa.</span></div>
Marco Antóniohttp://www.blogger.com/profile/13103992629118486108noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2174234595335511723.post-56313073369760329882014-06-10T02:16:00.001+01:002014-06-24T22:23:26.738+01:00State of Mind<div style="margin: 0px; text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">I'm not a good unhappy. And i'm not a very good tired either. In fact, I suck at them both, really bad. The thing is... if I liked being tired, I would do long extra hours at work everyday, and smile when I could no longer think, write, walk or even move my arms, in pain. And if I liked being unhappy... well... i would be really stupid, wouldn't I?, and keep smiling of joy just because I wanted to cry so hard.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">So... I'm not a good tired nor I am a good unhappy. It sucks to suck at them both. Really. Life would be so much easier if I didn't...</span></div>
</div>
<div style="font-family: Helvetica; font-size: 12px; margin: 0px;">
<br /></div>
Marco Antóniohttp://www.blogger.com/profile/13103992629118486108noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2174234595335511723.post-69577555882978083702014-06-05T00:42:00.001+01:002014-06-05T00:43:28.209+01:00You were so right, Anaïs...<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgkOwxg2z76g-wwo2DeecJleZCpr3CQJNuhz8BB7r0Nq-OrlryZvFXhPJQsH-GuvJOiJf53UrZqOuyWhohS_xvtXQJZ3V4XZzEaeBVeC3v0EpmVD5FR2IFTo-0erXejIDY2vBVJYx36Hr52/s1600/waymorepainful.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgkOwxg2z76g-wwo2DeecJleZCpr3CQJNuhz8BB7r0Nq-OrlryZvFXhPJQsH-GuvJOiJf53UrZqOuyWhohS_xvtXQJZ3V4XZzEaeBVeC3v0EpmVD5FR2IFTo-0erXejIDY2vBVJYx36Hr52/s1600/waymorepainful.jpg" height="400" width="640" /></a></div>
<br />Marco Antóniohttp://www.blogger.com/profile/13103992629118486108noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2174234595335511723.post-69333905550756070692014-05-20T17:21:00.001+01:002014-05-20T22:21:48.284+01:00Jornalismo 1.0<div style="text-align: justify;">
Hoje, a manhã foi diferente de todas as outras. Passei-a no infantário da minha filha, numa espécie de "Career Day", em que expliquei (como outros pais dos miúdos da sala dela já fizeram) o que é o meu emprego.</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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<div>
<div style="text-align: justify;">
Pude juntar estar com miudagem maravilhosa e poder "ensinar" alguma coisa a alguém (sempre me deu gozo fazer workshops e/ou minipalestras) sobre algo que realmente amo: a comunicação e o jornalismo. Por isso, a manhã passou-se, naturalmente, bem, com muita alegria e pouco profissionalismo a fingir que se estava a exercer... uma profissão; a minha, ser jornalista.</div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
Mas fazê-lo no momento em que menos enamorado me sinto por tudo o que envolve o meu ofício... confesso... custou, custa. Não sei se me custará mais, ainda. A ver vamos.</div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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<div>
<div style="text-align: justify;">
Acima de tudo, foi bom poder saber e dar notícias que realmente interessam ao público a que as notícias (aquelas notícias) se destinam.</div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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<div>
<div style="text-align: justify;">
O Rodrigo tem hoje menos um dente do que ontem (caiu ontem à tarde) e a Fada dos Dentes deixou-lhe doces e uma moeda que ele guardou no mealheiro. O David caiu, magoou-se no joelho mas já não dói (boas notícias, portanto). E a Iara foi fazer análises esta manhã e tem um penso rápido no braço, que dói um bocadinho mas ela já sabe que vai passar e que as análises não são coisa má mas sim para prevenir doenças e afins. Neste caso, ao dar a notícia das análises, a Iara recebeu esta (do objectivo da prevenção) em troca. E assim, a brincar, se fez jornalismo a sério, porque o público queria (e exigia) saber o que de novo se passava no seu mundo.</div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
Quão mais simples seria aquilo que eu faço se fosse só isso: reportar o que realmente interessa a quem quer saber o que realmente se passa no (seu) mundo...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
Marco Antóniohttp://www.blogger.com/profile/13103992629118486108noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2174234595335511723.post-75119093774886666702014-05-20T14:29:00.001+01:002014-05-20T14:59:29.415+01:00Shelf'ie<div style="font-family: Helvetica; font-size: 12px; margin: 0px;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhI4LIWlHPODMvEy5mfnwy8PqRvMao4MxSkydVjTALIhDgh3eQSVjXb6aJOUaCUHQAm1OVGAlY4RNPHQLAxSeRN571AoaX9xpUw90QJxxstAmJABgT5WPdsmUelk4R_mOdU1dxL43Tki_FX/s640/blogger-image-1866129654.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhI4LIWlHPODMvEy5mfnwy8PqRvMao4MxSkydVjTALIhDgh3eQSVjXb6aJOUaCUHQAm1OVGAlY4RNPHQLAxSeRN571AoaX9xpUw90QJxxstAmJABgT5WPdsmUelk4R_mOdU1dxL43Tki_FX/s640/blogger-image-1866129654.jpg" /></a></div>
<div style="font-family: Helvetica; font-size: 12px; margin: 0px;">
<br /></div>
<div style="margin: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Encontrei esta imagem por aí na net. Gostei tanto dela que se calhar vou adoptá-la e carinhosamente dar-lhe o fofinho nome de "Gestão de activos segundo as suas capacidades tendo sempre presente como objectivo único o bem maior da empresa e não necessariamente as expectativas pessoais do elementos geridos, que são consideradas apenas em alguns casos, de forma mais ou menos arbitrária". Nota-se muito que gosto de nomes simples?</span></div>
Marco Antóniohttp://www.blogger.com/profile/13103992629118486108noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2174234595335511723.post-68371837826140890522014-04-16T21:44:00.004+01:002014-04-16T22:52:27.437+01:00Uma discussão silenciosamente ruidosa<div style="margin: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: x-small;"><i><b>Ponto prévio: Confesso que gosto de ver pessoas a conversar em Língua Gestual.</b></i></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTfnhT9l4bmuVJr9O7LhJV5c8HawBqc1KZEuTxwj9FwPwcgRLT4HxjmgbCejGtKjqVBgMY04sIa9KtF4r0PD9ZKKgKUuyPqv-fTdrovdyD8QmkXKhyphenhyphenc1t3Qzum1m1FgfY4pw9729Qwq_AM/s1600/BW-sign-languageDSC_0118.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTfnhT9l4bmuVJr9O7LhJV5c8HawBqc1KZEuTxwj9FwPwcgRLT4HxjmgbCejGtKjqVBgMY04sIa9KtF4r0PD9ZKKgKUuyPqv-fTdrovdyD8QmkXKhyphenhyphenc1t3Qzum1m1FgfY4pw9729Qwq_AM/s1600/BW-sign-languageDSC_0118.jpg" height="297" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-size: xx-small;"><i>imagem: sharkreef.org</i></span></div>
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div style="margin: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Umas mesas à minha frente no centro comercial um casal conversa com visível intensidade, em Língua Gestual. Não se ouve um som sequer mas ambos gesticulam freneticamente e as expressões faciais que fazem são graves. Pelo meio da discussão, ela aponta frequentemente para uma garrafa de água, que está num pequeno tabuleiro, em cima da mesa. Ele parece sofrer com cada palavra que ela lhe dirige, cada gesto que lhe faz, cada expressão facial que lhe mostra. E parece defender-se com argumentos, gestos, expressões igualmente intensos e graves. Ajudava-me perceber alguma coisa de Língua Gestual (tenho de aprender) para compreender o que realmente se passa ali, muito embora reconheça que isso seria uma invasão da privacidade do casal. Aquilo que me parece ser uma forte discussão continua. Por fim, ele parece conceder. E ela sorri. Eles beijam-se longamente e o abraço que se segue é maravilhoso, só de ver. Ele levanta-se, sai da mesa e volta com uma nova garrafa de água, que está baça e por aí se vê que é de água bem gelada. Ela retribui oferecendo-lhe um sorriso rasgado, do tamanho do mundo. Conversam um pouco mais, agora já em perfeita harmonia, com sorrisos, gestos mais calmos e muita ternura, perfeitamente visível. Continua sem se ouvir um som sequer. Não percebo nada de Língua Gestual mas presumo que ali tenha acontecido o que sempre acontece. Até mesmo numa discussão banal - como qual a temperatura ideal de uma garrafa de água - a harmonia do casal atinge-se quando ele concede e ela consegue exactamente o que quer.</span></div>
<div style="margin: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
Marco Antóniohttp://www.blogger.com/profile/13103992629118486108noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2174234595335511723.post-88821243677306314392014-03-08T22:43:00.001+00:002014-06-05T00:44:44.528+01:00Daquilo que preenche<div style="margin: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Em 24 horas fazer 600 km de estrada, deitar tarde para estudar, passar 4 horas em testes e ensaios e,</span></div>
<div style="margin: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">por fim, arriscar atirar-me sem rede para algo que nunca tinha experimentado fazer. Chegar a casa e ter a sensação do dever cumprido... Não há nada igual.</span></div>
Marco Antóniohttp://www.blogger.com/profile/13103992629118486108noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2174234595335511723.post-46854394465012149792014-02-06T20:23:00.001+00:002014-02-06T20:23:35.555+00:00Da frustraçãoSou convidado três vezes por ano para eventos fora da minha "zona de conforto social". A duas delas não vou, por opção. À única a que desejava ir não vou, por estar doente. Conclusão: há coisas que serão sempre como são.<div><br><div><br></div><div><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhFQTEms-whETAqzwVsGE_mXANvjr67IDc4zIBTQnbhx13iUa9p5_ZWiKB0tT4IB61LWxzOun3gg9CGjoO9-dX1JFiHi9F0KzThcO-u-A8nljh78qpu_qMHXZeRqL1Ub_pk2GqCNLYFnxJz/s640/blogger-image-193968424.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhFQTEms-whETAqzwVsGE_mXANvjr67IDc4zIBTQnbhx13iUa9p5_ZWiKB0tT4IB61LWxzOun3gg9CGjoO9-dX1JFiHi9F0KzThcO-u-A8nljh78qpu_qMHXZeRqL1Ub_pk2GqCNLYFnxJz/s640/blogger-image-193968424.jpg"></a></div>[Imagem: National Geographic]</div></div>Marco Antóniohttp://www.blogger.com/profile/13103992629118486108noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2174234595335511723.post-85809649411587388172014-01-24T15:01:00.003+00:002014-01-24T22:02:20.289+00:00Sobre as Praxes... (já que toda a gente agora fala disso, por causa do Meco)<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;">Eu fui "Mocho Real" (o chefe da Comissão de Praxe da Esc. Sup. de Educação de Coimbra, onde me formei).</span><br />
<span style="background-color: white;"><br /></span>
<span style="background-color: white;">No meu mandato - se assim se pode chamar - a primeira coisa que fiz foi publicar (em livro, que qualquer um podia adquirir - o preço era simbólico) o Código da Praxe da escola (baseado no Código da Praxe da Un. de Coimbra mas devidamente adaptado à realidade da ESEC) para que NINGUÉM fosse ao engano. Participava quem queria. Quem não queria teria - e bem - a sua integração ao seu encargo. Nós promovíamos brincadeiras praxística (umas melhores, outras não tão felizes assim - como em tudo na vida) durante uma semana devidamente planeada, para que os caloiros conhecessem a escola, os alunos mais velhos dos seus cursos e dos outros, os outro caloiros, etc.</span><br />
<span style="background-color: white;"><br /></span>
<span style="background-color: white;">Quem exercesse actos de praxe fora dessas actividades programadas estava em violação das regras. E em casos desses aconteceram acidentes, cujas responsabilidades foram imputadas à Comissão de Praxe, mesmo não tendo esta qualquer responsabilidade em coisas que aconteciam fora das actividades programadas e até - imagine-se - em casas particulares (sim, aconteceu sermos responsabilidades por haver "doutores" que obrigavam caloiros a fazer-lhes a limpeza da casa).</span><br />
<span style="background-color: white;"><br /></span>
<span style="background-color: white;">Percebo a oposição às praxes. Também me oponho às praxes ofensivas, abusivas, violentas. Não terei feito tudo bem, claro. Terei até passado das marcas/regras em alguns momentos de praxe e não o deveria ter feito. Sei, inclusivamente, que há pessoas que ainda hoje não me gramam por causa das praxes. Mas ninguém ali - enquanto exerci o cargo - foi obrigado ao que quer que fosse.</span><br />
<span style="background-color: white;"><br /></span>
<span style="background-color: white;">As generalizações em casos sérios incomodam-me sempre. Faz parecer que o que alguns fazem mal é um todo em que todos fazem mal. E, quando há ferimentos ou mortes à mistura, que todos os envolvidos em situações mais ou menos semelhantes são criminosos. Ora, eu não sou criminoso. E nem sequer estou aqui a fazer uma defesa pessoal. Simplesmente, acho que a ideia - que vejo defendida aqui e noutros lados - de que todos os praxistas deveriam ser corridos a processos ou chamados a responder criminalmente.</span><br />
<span style="background-color: white;"><br /></span>
<span style="background-color: white;">Há quem praxe BEM. Há quem goste de ser BEM praxado. Quem o faz MAL deve ser chamado à pedra, sim senhor. E quem MAL aceita tudo o que MAL lhe impõem, tem também parte da responsabilidade, porque é maior de idade, mesmo que por vezes isso não seja suficiente para saber destrinçar o Bem do Mal.</span><br />
<span style="background-color: white;"><br /></span>
<span style="background-color: white;"><br /></span>
<div style="text-align: center;">
<span style="background-color: white;">= = = =</span></div>
<span style="background-color: white;"><br /></span>
<span style="background-color: white;">PS: Após longa procura, encontrei o referido Código de Praxe, que assinei em 30 de Abril de 2000. E publico aqui o prefácio que eu próprio escrevi para essa edição. Assiná-lo-ia hoje (24 de Janeiro de 2014) como nesse dia. Aliás, o texto acima comprova-o.</span><br />
<span style="background-color: white;"><br /></span>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7r8IQ_do0FcM6BX6K3xzXASIbf8-qFe0BJHSU0VnrgDwxhcSTDtw6-k6YoQ4XmcmxNI21Gr34DWqqPHcFpiIvfgfScQigj7SQCbutRoT7q8oDIaBkPXePSjcXcGh-fYhvQ6NE_Cqqi0pe/s1600/prefacio_codigo_da_Praxe.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7r8IQ_do0FcM6BX6K3xzXASIbf8-qFe0BJHSU0VnrgDwxhcSTDtw6-k6YoQ4XmcmxNI21Gr34DWqqPHcFpiIvfgfScQigj7SQCbutRoT7q8oDIaBkPXePSjcXcGh-fYhvQ6NE_Cqqi0pe/s1600/prefacio_codigo_da_Praxe.jpg" height="320" width="227" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="background-color: white; font-size: x-small;"><b><i> [Clicar na imagem para aumentar]</i></b></span></div>
<br />
<br /></div>
Marco Antóniohttp://www.blogger.com/profile/13103992629118486108noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2174234595335511723.post-35454545927618125292014-01-22T23:37:00.002+00:002014-01-22T23:38:01.985+00:00Para memória futura...<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
Haverá um dia perfeito para (re)começar a viver</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
ou qualquer um é bom?</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBSttQpl9ojamMmiPxDwmymf72Wl7twSSSznoh_YubGTMhwPtpSjDM22nsJoAEU3_qbCk3wKtuRzeEjLE856vk6b93avKUA5pWc3K_OldalUN0yITxNP0ZhMTKN2IafHlxo1dJqQwLz003/s1600/22_jan_2014.gif" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBSttQpl9ojamMmiPxDwmymf72Wl7twSSSznoh_YubGTMhwPtpSjDM22nsJoAEU3_qbCk3wKtuRzeEjLE856vk6b93avKUA5pWc3K_OldalUN0yITxNP0ZhMTKN2IafHlxo1dJqQwLz003/s1600/22_jan_2014.gif" height="240" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
Tentei que fosse este. O tempo dirá se este foi mesmo o dia perfeito para o ter feito.</div>
<br />Marco Antóniohttp://www.blogger.com/profile/13103992629118486108noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2174234595335511723.post-48034824544974614292014-01-20T22:19:00.003+00:002014-01-20T22:19:57.198+00:00Boas notícias! Há esperança para a Humanidade!<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #37404e; line-height: 18px;"><span style="font-family: inherit;">As janelas de minha casa estão viradas para uma escola. Do 9º andar, vemos todo o campo de jogos, onde os miúdos fazem Educação Física. Esta manhã, reparámos que um dos miúdos da turma que fazia a aula, o único em cadeira de rodas, participava em todas as actividades, ora empurrado por um(a) colega na corrida de aquecimento, ora ajudando o professor (a distribuir bolas para o andebol, por exemplo). Ainda há esperança para a Humanidade. É a melhor notícia que se pode ter a uma segunda-feira de manhã.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #37404e; line-height: 18px;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Marco Antóniohttp://www.blogger.com/profile/13103992629118486108noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2174234595335511723.post-50814583618259263812013-11-18T17:18:00.001+00:002013-11-18T17:18:11.247+00:00Problemas de escuta<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Todos os dias penso um bocadinho nisto mas nunca o tinha posto por escrito. Um dos grandes problemas da política nacional está na escuta. Sim. A Direita fala a e a Esquerda não quer ouvir. A Esquerda fala e a restante Esquerda não quer ouvir e quando essa restante Esquerda também fala... também a tal outra Esquerda não quer ouvir. Toda a gente, de todos os quadrantes, fala e a Direita não quer ouvir ninguém. Parece-me que boa parte do problema é isto. </span></div>
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7Q9K9ohqPCoS4Kry3rzQl5M6C4g2DlxQg65AY42KIi4in6OyhgGSsvDs0aPxJ60G0o4p6ZV7xCpHC6XWtmY2lctoqERwOQquCta0Uy-c072I-vaBTRm03cPO79J1NtZsQfrgzmi-4GsbO/s1600/ear-drawing.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7Q9K9ohqPCoS4Kry3rzQl5M6C4g2DlxQg65AY42KIi4in6OyhgGSsvDs0aPxJ60G0o4p6ZV7xCpHC6XWtmY2lctoqERwOQquCta0Uy-c072I-vaBTRm03cPO79J1NtZsQfrgzmi-4GsbO/s320/ear-drawing.jpg" width="210" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
ilustração: <span style="background-color: white; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 18px;"><a href="http://igor-lukyanov.blogspot.pt/" target="_blank">Igor Lukyanov</a></span></div>
<br />Marco Antóniohttp://www.blogger.com/profile/13103992629118486108noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2174234595335511723.post-53733924873751947892013-11-16T22:10:00.003+00:002013-11-16T22:20:15.978+00:00A Política e eu: 'status' da relação. "É... complicado"<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Duas coisas (de que já desconfiava) mas que percebi nos últimos tempos.</span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<span style="font-family: inherit;">1) Os partidos políticos (os actuais e os - aparentemente - futuros) pouco ou nada têm para me oferecer; têm na sua génese bons ideais mas péssimas narrativas de/para se apresentarem ao público/eleitorado, o que só me dá "material" para a sátira (seja em conversa simples ou em cartoons que faça, por exemplo).</span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<span style="font-family: inherit;">2) Nunca serei convidado a integrar um partido político (actual ou - aparentemente - futuro) porque quem neles ou à volta deles gravita até gosta que se satirize os outros partidos mas percebe que mais cedo ou mais tarde este que agora escreve vai satirizar também o seu, e isso é-lhes aborrecido. Ainda bem, digo eu, que não estou a pensar formar um partido ou fazer parte de um. Mas isto, na política, pode sempre mudar, claro. Como os políticos (actuais e - aparentemente - futuros), que estão na política ou que - aparentemente - vão estar.</span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxSyHJaKhBK9hmz47Igi0R8k_WfJtABYlvQPWTWfscs3yPS2WDNw7qxzbEF-Q-Pl5wZLtgSv14D2Hk0ivhk8cCrSEd2OHxHIaZ7aFee_PvI4lt2XHHn_VUD13Ld8tgezSeR4zyE9jWizWN/s1600/pulpito_vrios_640.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxSyHJaKhBK9hmz47Igi0R8k_WfJtABYlvQPWTWfscs3yPS2WDNw7qxzbEF-Q-Pl5wZLtgSv14D2Hk0ivhk8cCrSEd2OHxHIaZ7aFee_PvI4lt2XHHn_VUD13Ld8tgezSeR4zyE9jWizWN/s320/pulpito_vrios_640.jpg" width="213" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-size: x-small;">Imagem: <a href="http://www.pormenor.pt/?p=575" target="_blank">pormenor.pt</a></span></div>
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
Marco Antóniohttp://www.blogger.com/profile/13103992629118486108noreply@blogger.com0